A língua portuguesa já tem palavra que chega.
Mas ouvi uma ótima novidade, coisa de marqueteiro.
Responsabilitude não é um neologismo necessário. Surge da junção de duas palavras fundamentais no ambiente organizacional: responsabilidade e atitude.
Mais do que um jogo de conceitos, ela expressa uma carência real em muitas empresas: a de pessoas que assumem compromissos com iniciativa, que não apenas reagem aos problemas, mas se antecipam a eles.
Em um cenário extremamente exigente, ao buscar estruturas enxutas e metas ambiciosas, o simples cumprimento de tarefas deixou de ser suficiente.
O que se espera (e frequentemente não se encontra) é protagonismo. Gente que vê, entende e age. Que assume o seu papel. Que toma decisões, tem senso de urgência e preocupação legítima com o resultado. Que não espera a cobrança, mas se antecipa a ela.
Responsabilitude é exatamente isso:
- Fazer o que precisa ser feito, mesmo que não esteja na descrição do cargo;
- Perceber uma falha, um risco ou uma oportunidade e agir;
- Não terceirizar a culpa, nem se esconder atrás de justificativas;
- Entregar com consistência, proatividade e comprometimento.
Apenas um exemplo simples, mas muito revelador, visto em um cliente que inspirou o tal marqueteiro a criar e estampar as iniciativas do neologismo: “foi assim: a impressora do escritório parou de funcionar. Alguns se olharam, suspiraram e seguiram suas rotinas, esperando que alguém da TI resolvesse. Um deles, no entanto, se destacou. Mesmo não sendo da área técnica, tentou entender o problema, verificou os cabos, reiniciou o equipamento, consultou o manual online e, ao perceber que era algo mais sério, acionou o fornecedor e comunicou o setor responsável com clareza. Tudo isso sem ninguém pedir”, relatou o marqueteiro.
Esse é o espírito da coisa. É o oposto da apatia e da passividade. É agir com “senso do todo”, mesmo quando o problema não é oficialmente seu.
É uma postura que se conecta com conceitos modernos como accountability e ownership, mas com uma palavra em português que traz o peso e a clareza daquilo que realmente buscamos em todos os contextos: a disposição de assumir, agir e entregar.
“É que há empresas que convivem com a paralisia, a zona de conforto e o excesso de dependência hierárquica. Já aquelas que estimulam e reconhecem essa postura colhem os frutos de uma cultura mais ágil, responsável e orientada a resultados”, afirmou o autor da história.
Não se trata de um modismo ou de um novo jargão corporativo. Trata-se de dar nome e valor a uma iniciativa pontual de incentivo a um comportamento essencial.
E talvez, ao nomearmos, estejamos dando o primeiro passo para cultivá-lo.