Irkutsk, um dos lugares mais importantes da Sibéria
O antigo centro administrativo da Sibéria comporta belas casas de madeira- as “izbas”, construídas com troncos de madeira da floresta siberiana e adornadas com detalhes próprios da cultura do país. As igrejas são o símbolo da religião pregada, sendo todas da religião Ortodoxa Russa. Em painéis, mostrados nas mesmas, vimos que a época do Natal é muito comemorada, embora haja também o “Leninismo”. Presépios artísticos lembram as culturas locais e neles há muita arte e movimento em madeira. Na época, colocam pinheiros decorados e usam muita iluminação, não somente nas igrejas, mas nos prédios e avenidas. Próximo ao centro administrativo, prédios modernos, não de muitos andares, mas muito vidro e, à noite, com muitos luminosos, são a mostra da atualidade desta bela cidade.
Rumo ao Lago Baikal
Depois da estadia num hotel de Irkutsk, voltamos ao trem. Pela manhã, após umas horas de viagem, embarcamos num ônibus para as visitas do dia. Chegamos à aldeia de Listvyanka, às margens do Lago Baikal para almoçar. A aldeia vive com o turismo e a navegação pelo lago. Muito interessante foi caminhar, um pouco, pela orla e passear pelas bancas de peixe, frutas e artesanato. Mas, a atração maior foi Kristovka – uma Aldeia Museu ao ar livre, que ilustra um pouco da área rural. Ali, se pode ter a primeira visão da grandiosidade do Lago Baikal.
Em Kristovka
Esta aldeia encontra-se dentro de um forte em madeira, à beira do Lago Baikal. Ela comporta réplicas das casas de troncos de árvores, as “izbas”, encaixados e sem pregos, dos imigrantes que lá chegaram. Típicas casas siberianas. Dentro delas, não faltava um lugar fresco e bem fechado para guardar as carnes. Logo na entrada, uma grande pedra polida e plana mostra, em relevo, a planta da aldeia e ilustra o que se pode encontrar. Todas as construções são com a madeira da tradicional árvore “Lariçu” das florestas siberianas. Um detalhe importante é o uso de esculturas, em madeira, sobre as aberturas das janelas.
Detalhes das construções
Todas as casas, inclusive o telhado, eram em madeira. Igreja: bela e pitoresca dedicada à São Nicolau. Com troncos de árvore sobrepostos e uma cúpula, em cobre, que brilhava ao sol, encimada por uma pequena torre em ponta. Casa do administrador – prefeito - com muitas janelas esculpidas e com as venezianas, de madeira inteiriça, abrindo por fora. Casa do professor - a escola ficava junto à Casa do Professor. Esta continha sala de estar, um quarto, despensa e cozinha. A mobília é original e tudo muito bem preservado. Na sala de estar, sobre uma mesa, de bela toalha rendada, um Samovar: um aparelho com brasas na parte inferior e na superior ervas com água. A infusão fervia e ficava pronta para tomar. Sempre ofereciam um chá quentinho e gostoso para se deliciar.
Sala de aula
Com carteiras em madeira para dois alunos, semelhantes às de antigamente, nas nossas escolas. Um globo sobre a mesa do professor e uma ótima iluminação natural. Um quadro negro com uma mensagem, em russo, numa bela letra desenhada. Num dos cantos da sala, um forno de aquecimento em ferro, hoje, pintado de branco. O mesmo tipo de forno servia para cozinhar. Achas de madeira sustentavam o fogo.
Casas de família
Eram casas onde moravam de avós à recém-nascidos, toda a família. Um forno para aquecimento e cozimento encontrava-se no meio do ambiente. Não faltava o Samovar. As construções eram com paredes duplas, com enchimento interno, para sobreviver ao rigoroso inverno. No quarto do casal, ficava guardado o vestido, usado pela esposa, no casamento. As roupas dos noivos sempre deveriam ter um detalhe em vermelho. Também, nas prateleiras que serviam de roupeiro, estavam guardadas umas latas-cofre, uma para cada menina da família, que serviria de dote, no futuro. Todas as famílias possuíam um “tear” para confeccionar roupas, cobertas e tapetes. Fora, ao lado da casa, uma pequena construção, em madeira, servia de depósito para as ferramentas e os carros para andar na neve, estes eram espécies de trenós.
Almoço à beira do lago
Saindo da aldeia de Kristovka, fomos para a localidade de Listvyanka - uma cidade turística. O almoço foi num belo Hotel, no seu restaurante Czar. Foi servido o peixe “Omul” só encontrado nas límpidas águas do Lago Baikal. Como entrada, a “stroganina” – fatias bem finas do peixe congelado ao suco de limão. Após, a “borscht” – sopa de beterraba. O peixe Omul foi servido assado com legumes frescos. Na sobremesa, conhecemos o famoso ”medovik” bolo de mel em camadas, recheadas com creme de leite e cobertura de chocolate. No final, um gostoso chá. Na Rússia, ele sempre é servido com fatias de limão. Após, fomos para um cais do Lago e com “ferry-boat” atravessamos uma parte do mesmo, para chegar ao nosso trem.
Conclusão
Uma viagem de trem é sempre uma grande oportunidade de conhecer pessoas. Sempre se acaba compartilhando um pouco da vida com os companheiros de viagem. O nosso grupo de 32 brasileiros ficou muito amigo, preocupados, ajudando uns aos outros. O grande passatempo para os intermináveis quilômetros é, realmente, no terreno da transculturação: histórias, costumes, nomes, sonhos. A solidariedade sempre se desenvolve numa longa viagem de trem. No final do dia, voltando ao trem e aos nossos encontros. Juntos, acontecia um bate-papo revendo os acontecimentos, bons e engraçados. Embarcados nessa viagem, para todos nós, o seu rumo foi totalmente estranho aos nossos costumes e conhecimentos. Opiniões, comparações com a nossa vida brasileira e o nosso casal russo Nicolai e Elena querendo participar. Muitas risadas e procurando entender o que nos diziam. No final, o simpático Nicolai com “un tchá” servido com biscoitos e bombons.