O município de Marcelino Ramos está prestes a decretar a situação de emergência em função da seca que está atingindo todo Alto Uruguai. “Estamos na iminência de fazer o decreto de emergência”, afirma o prefeito de Marcelino Ramos, Juliano Zuanazzi. E, acrescenta, “mas por que iminência e, também, agora?
Ele comenta que a Emater, Secretaria de Agricultura e Obras fizeram um novo levantamento, que foi entregue na terça-feira (5) com os elementos que são os fundamentos para se justificar a decretação da situação de emergência no município.
Por que não foi decretado ainda?
“Ocorre que até o início do mês de abril estávamos apurando os dados e a colheita da soja ocorreu bem no município. O nosso laudo apontou que as perdas nessa cultura chegaram a 15%, ou seja, 85% teve uma produção boa e até ótima, em alguns casos superando os 70 sacos de soja por hectare. Isso demonstrou que não tivemos tantas perdas assim. E foi a mesma situação, também, para o milho primeira safra, que para alguns produtores virou grão e outros silagem”, explicou. E, acrescenta, “nesse contexto, a gente avaliou com muita seriedade e responsabilidade, e até então, não tínhamos decretado a situação de emergência”.
Últimos 30 dias
Conforme o prefeito, no entanto, nos últimos 30 dias a situação mudou para produtores dos mais diferentes segmentos do meio rural, leite, hortigranjeiros, citros, criadores de gado, feijão. “Se identificou uma acentuada queda na produtividade no milho safrinha, que é destinado a silagem, para alimentação dos animais; perdas consideráveis na produção de feijão; redução significativa na produção leiteira, considerando que Marcelino Ramos tem um laticínio que absorve grande parte da produção. Uma série de fatores que somados mostram um quantitativo motivador de laudo técnico, entregue no dia 5 pela Emater”, disse.
Falta de água
Além disso, o prefeito explica que está sendo necessário captar e levar água direto para as propriedades rurais, criadores de frango, gado, entre outros. “E, as chuvas recentes não foram suficientes para recuperar nascentes, sangas e rios”, afirma.
Resultado
“Tudo isso foi compilado pelos técnicos, e a gente acredita que até o hoje (8) devemos emitir o decreto”, comenta. E, acrescenta, “o decreto deverá ser feito com dados atuais, que respaldam essa situação”. O prefeito ressalta que o decreto não foi feito no início do ano “porque a produtividade estava dentro do quadro”.
Produtora
Conforme a produtora, Roseli Maria Goetz Dreher, da Linha Coronel Teixeira, do município de Marcelino Ramos, o problema já começou com a lavoura de soja, porque dos 65 sacos previstos por hectare só foram colhidos 42 sacos.
“As frutas também estão com perdas incalculáveis. A gente está começando a colher agora, e não sabemos ainda dizer o quanto perdemos, mas a qualidade foi muito afetada, e por isso as perdas serão grandes”, afirma.
Além das perdas na soja, frutas, a produtora também vai ter prejuízos na produção de erva-mate, que ainda não foi colhida, mas já se percebe uma quebra significativa, porque não tem a brotação esperada. “Não cresce por falta de umidade”, explica. Segundo ela, o corte da erva está previsto para julho, no entanto, o que já se perdeu não recupera mais, ela estima em torno de 40% da produção. Roseli ressalta que outro grande problema da comunidade é a falta de água. “A maioria dos agricultores não têm acesso as redes de poços artesianos”, comenta.