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Região

“Quando se está certo e quer fazer o bem, não tem nada que vai nos tirar dos trilhos”, diz prefeito

Nessa entrevista ao Jornal Bom Dia, o prefeito Beto Bordin fala sobre dificuldades, projetos, gestão pública e a realidade econômica, política e social do município

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“É preciso fortalecer a renda das pessoas", diz Beto
Por Ígor Dalla Rosa Müller
Foto Ígor Dalla Rosa Müller

O município de Jacutinga tem hoje em torno de quatro mil habitantes e aproximadamente três mil eleitores. Tem um orçamento anual que gira em torno de R$ 20milhões. É um município essencialmente agrícola. Nessa entrevista ao Jornal Bom Dia, o prefeito Beto Bordin fala sobre dificuldades, projetos, gestão pública e a realidade econômica, política e social do município. Para ele, gestor público tem que ter sensibilidade para ver o que a comunidade precisa.

Bom Dia: Como está a situação econômica do município?

Beto Bordin: Vivemos a pior crise enfrentada pelos municípios. A receita de Jacutinga é bastante reduzida porque não tem receita própria, dependemos dos repasses constitucionais. Temos dificuldades para receber os recursos do governo do estado, que não consegue honrar, em virtude da grande dificuldade econômica que atravessa.

O que tem sido feito para enfrentar essa situação?

Nós buscamos incessantemente trabalhar, elaborar projetos, fazer parcerias, contatos nas esferas estaduais e federais, dialogar com deputados, senadores, ministros, equipes de governo, para implementar novas ações para melhorar a administração municipal. Conseguimos, felizmente, um grande volume de emendas, recursos, projetos aprovados e alguns resultados já podem ser observados nesse período de governo.

E as políticas públicas locais?

Também estamos criando políticas públicas locais, por exemplo, incentivo e instalação de aviários, para criação de suínos e agroindústrias. Buscando fortalecer a economia local através da compra no comércio local. Retomar a questão do turismo, que ficou congelada por um período. Daqui há alguns anos vamos ter em Jacutinga os resultados da ampliação da receita. Para dar um exemplo, produzíamos menos de 50 mil aves a cada 60 dias, com esses estímulos que estamos dando, deveremos passar de 300 mil aves a cada 60 dias. Isso vai agregar renda e melhorar o retorno do ICMS. Onde for possível que não seja preciso processo licitatório, nós pesquisamos o melhor preço e compramos no município. Temos uma empresa que está ampliando suas atividades, estamos em contato com outras empresas para que se instalem no município e gerem emprego aqui. Conseguimos ampliar o atendimento da Unidade Básica de Saúde, que era só de oito horas e agora atende sem fechar ao meio-dia, das sete às 17 horas. Na educação procuramos fortalecer ainda mais o ensino, melhorando as instalações e valorizando os professores.

O que é o programa Atentai?

O Atentai é um programa na área da saúde, feito porque perdemos muitos amigos pela droga, depressão, principalmente, e a questão do álcool. Se está tentando conscientizar as pessoas, fazendo atividades, contratando e fazendo parcerias com profissionais e entidades, para que a gente possa impedir essas perdas de pessoas que poderiam contribuir com a sociedade, e muitas vezes acabam perdendo a vida por essa condição.

E a agricultura familiar?

Estamos investindo muito na questão da agricultura, renovando o parque de máquinas, trabalhando a questão da infraestrutura das propriedades rurais. Incentivando as agroindústrias, o governo municipal quer agregar valor, suprir a demanda local com queijo, rapadura, pipoca, amendoim, tomate, alface. Temos que produzir isso tudo para vender localmente.

Quais são as principais dificuldades do município?

Um dos problemas mais graves de Jacutinga no momento é a questão da geração do emprego, que é muito difícil. Criamos a Lei do Empreendedor, que paga o aluguel das empresas que se instalarem no município, mas tem que gerar um número mínimo de empregos. Temos trabalhado para que o município não perca o seu poder de investimento, que vem diminuindo ao longo dos anos. Porque os recursos se concentram no governo federal e estadual sobra pouco para os municípios. Só que é nos municípios que o povo vive, é ali que tem que ter investimentos. Outra questão é financeira, sobram poucos recursos para investimentos. É preciso mais infraestrutura, fazer as ligações asfálticas entre os municípios. E, isso, a região tem que estar atenta e focada nessas demandas. É necessário integrar as ações de desenvolvimento da região.

Como o senhor vê a questão da segurança pública?

Temos uma preocupação muito grande com a segurança pública. Estamos implantando um serviço de vídeo monitoramento na cidade, colocando câmeras para fazer a vigilância do município. Associado a isso, se está fazendo o georreferenciamento no interior do município, para com as coordenadas geográficas poder saber onde está instalada cada propriedade. Se por ventura acontecer um acidente, precisar acionar ambulância, bombeiros, serviço de polícia, poderá se dirigir até esse local através das coordenadas.

Como avalia as ações até o momento?

De maneira geral, estamos buscando atuar com muita força e vontade, com uma equipe aguerrida, que desde o começo do nosso governo está reduzida, buscando economizar para poder melhor aplicar os recursos públicos. Há uma dificuldade muito grande na questão urbana, a cidade está numa situação muito delicada, com ruas esburacadas, sem contar com o serviço de saneamento básico. Estamos asfaltando algumas vias, buscando recursos e faremos parcerias com os moradores para melhorar o aspecto urbano e deixar a cidade mais bonita. É preciso fortalecer a renda das pessoas para que elas morem no interior, tenham internet, um carro bom, dinheiro para viajar e ter qualidade de vida.

O não pode faltar num gestor público?

Não pode faltar para o gestor público sensibilidade, tem que ter sensibilidade para ver o que a comunidade precisa. Precisa ter coragem, habilidade e postura para gerenciar o município. O diálogo é fundamental com funcionários, servidores, comunidade e até mesmo a oposição. Habilidade para construir tudo isso e querer uma sociedade melhor, temos que fazer nossa parte, demonstrar que queremos melhorar a nossa vida e da sociedade em que a gente vive. Esse é o papel do poder público, tratar bem as pessoas, com política e ações que venham ao encontro das necessidades da população. Quando se está certo e quer fazer o bem, não tem nada que vai nos tirar dos trilhos.

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