Esta semana presenciei uma homenagem aos professores que me comoveu bastante, principalmente por ter pais professores. Durante a celebração, foi exibido o vídeo “Guardiões da Chama”, que fala de forma poética sobre o papel essencial dos educadores no desenvolvimento das crianças. A narrativa usa a metáfora da “chama interior” para representar o potencial, a curiosidade e a admiração que habitam em cada aluno — e que os professores protegem com paciência, mesmo diante das pressões e inseguranças do cotidiano.
O texto do vídeo ressalta que os professores são verdadeiros guardiões dessa chama. São eles que oferecem orientação, apoio emocional e o conhecimento que ajuda a transformar o brilho inicial em luz constante. Em última análise, a mensagem defende a importância de ouvir e valorizar a voz dos professores ao pensar a educação, reconhecendo que eles conhecem como ninguém o coração e a mente dos alunos.
Se pararmos para pensar, uma parte significativa da nossa vida é compartilhada com professores. Desde a infância até a vida adulta, eles estão lá — às vezes como lembranças afetuosas, outras como desafios que nos fizeram crescer. São eles que nos guiam pelas letras do alfabeto, até que, juntas, formem palavras, frases... e de repente, estamos lendo o mundo. A partir dessa leitura, começamos a desbravar novos conhecimentos, novos universos que cabem na palma das mãos.
Não apenas os professores de linguagens merecem esse reconhecimento. São muitos os que, em diferentes áreas, nos ajudam a compreender o mundo — pela lógica, pela ciência, pela arte ou pela história. Cada um enfrenta o desafio de transformar conhecimento em significado, teoria em experiência. E isso exige muito mais do que domínio técnico: exige sensibilidade, dedicação e um compromisso genuíno com o aprender.
Lembrei, então, de uma matéria publicada pelo Nexo em janeiro deste ano, com dados do Instituto Semesp, que alerta: até 2040, o Brasil poderá enfrentar um déficit preocupante de professores na educação básica. E isso entristece — porque nos leva a uma pergunta inevitável: por que há cada vez menos pessoas escolhendo essa profissão?
A resposta mais recorrente é a desvalorização. Não apenas a salarial, que é urgente, mas a simbólica. O professor deixou de ocupar o lugar de referência que já teve. Seu papel social perdeu espaço entre tantas vozes que opinam sobre educação, mas poucas que realmente a vivem. Ainda assim, é nas salas de aula, nas conversas do dia a dia, nas pequenas descobertas, que a educação continua resistindo.
Ser professor, hoje, é um ato de coragem. E talvez seja justamente isso que mais define esses profissionais: a coragem silenciosa de seguir acreditando que o conhecimento transforma — mesmo quando o mundo parece duvidar disso.