O Kremlin de Kazan – primeira cidade visitada da Sibéria – surgiu, numa colina, contornada pelo Rio Volga, no século XII. Seus muros são de pedras superpostas. No seu interior, além de belas construções, destacam-se a Escola de Cadetes. Tudo muito cuidado e todo ajardinado – flores brancas e vermelhas. O Kremlin de Kazan, importante centro, é Patrimônio Mundial da Humanidade desde o ano 2 000.
Yekaterinburg ou Ekaterinburgo
Foi a próxima parada do trem. Após o café, já partimos para o dia de visitas. O fuso horário mudou para mais duas horas de adiantamento. Yekaterinburg é a capital dos Montes Urais e bela cidade da Sibéria- esta faz parte da Rússia. A estação ferroviária, onde paramos, é uma belíssima construção com altas e majestosas colunas brancas e douradas. Prédio de dois pisos, sendo o primeiro com restaurantes e lojas. Muito mármore e muito bem cuidada. Muitos degraus para descer e, no final do dia, subir. A cidade está localizada na linha divisória que sinaliza a parte europeia da parte asiática. Ali, desfruta-se a curiosa experiência de estar entre dois continentes. A maior diversão, singela, mas simbólica, é tirar uma foto com um pé na Ásia e outro na Europa.
Yekaterinburg
É a porta de entrada da Sibéria. Significa a Cidade de Catarina em homenagem à Grande Czarina. Foi palco do assassinato do último czar da Rússia: Nicolau II, de sua mulher e dos filhos, em 1918. Cidade de moderna arquitetura aliada aos belos prédios históricos. Considerada intelectual pelo grande número de bibliotecas, museus e teatros. Nela, formou-se em engenharia, em 1970, o ex-presidente Boris Yeltsin. Também é importante centro econômico, administrativo, histórico e cultural. Com grande população, guarda a história do violento assassinato da Família Romanov durante a Revolução Bolchevista.
Os Romanov
Nicolau II nasceu em São Petersburgo, em 18 de maio de 1868. Estava no poder como Imperador, em Moscou, quando iniciou a Revolução Bolchevista. Foi o último Romanov e o último Imperador da Rússia. Quando começou a Revolução, a família foi para Yekaterinburg - Sibéria. Moraram num luxuoso palacete de madeira de alguns pavimentos e belas cúpulas. Nicolau II era casado com Alecxandra, uma princesa alemã, e tinham cinco filhos: Maria, Alexandra, Olga, Anastasia Tatiana e Alexei. As meninas eram muito bonitas e com traços da mãe alemã. Acharam que estavam seguros na nova moradia. Viviam muito bem, pois possuíam dinheiro nos bancos da Alemanha. Na época, o Imperador alemão era primo de Nicolau II. Este também foi Rei da Polônia e Grão Duque da Finlândia.
Triste acontecimento
Em julho de 1918, sua casa em Yekaterinburg foi invadida pelos revolucionários. Às pressas, as filhas esconderam as joias debaixo de suas roupas. Foram disparados muitos tiros contra a família. Mas, as meninas, não morreram logo, as joias as protegeram e foram mortas à ponta de lança. Por muito tempo, os corpos desapareceram e não eram encontrados. Em 1991, por acaso, os acharam, numa cova, onde fora uma mina. Era numa floresta, nos arredores da cidade. Os corpos de Maria e de Alexis foram encontrados, anos após, em lugares diferentes. Alexis foi o último a ser descoberto. Falavam na possibilidade de ele ter conseguido fugir ao assassinato. Mas, tristemente não aconteceu.
Uma bela igreja ortodoxa
Ela foi construída no lugar onde a família morou. O antigo palacete, no alto de uma colina, ficou em estado lamentável, com marcas de sangue. Para esquecer o triste episódio derrubaram a casa, que deu lugar a uma bela igreja: Igreja do Sangue. Está cercada por construções no Estilo Bizantino. O dinheiro da família nos bancos da Alemanha nunca mais foi encontrado. Todos os anos, na data da morte da Família Romanov, em 17 de julho de 1918, acontece uma caminhada silenciosa pela cidade até à Igreja.
Local sagrado
Anos depois, no local onde foram encontrados os corpos, em meio a uma floresta, surgiu um complexo turístico e de peregrinação. Na entrada, as mulheres em respeito, devem sobrepor um grande avental de cor bordô e usar um lenço branco cobrindo os cabelos. Andando pelo complexo assim trajadas, ficamos um pouco esquisitas. Nesse local, construíram lindas casas típicas, de arquitetura russa, na cor marrom e branco. No grande conglomerado, há uma bela Igreja Ortodoxa Russa no mesmo estilo das casas, em madeira. O bosque preserva árvores nativas com o tronco branco- são as Bétulas- árvores símbolo da Rússia. São muito usadas na construção de casas e de móveis. Na entrada da mina, onde encontraram os corpos, há um belo monumento em bronze: Nicolau II, esposa Alecxandra – como reis – as filhas Alexandra, Olga e Anastasia Tatiana. Maria e Alexei não fazem parte do conjunto, pois seus corpos foram encontrados em outros locais. Todos os caminhos do complexo são calçados com pedras e ladeados de lírios brancos.
O memorial dos Romanov
Hoje, numa capela especial, na Catedral Ortodoxa dos Apóstolos Pedro e Paulo, em São Petersburgo - Rússia está, em belos túmulos com suas imagens, o de toda a Família Romanov. Um pouco separado do grupo, está Alexei, o último a ser encontrado. A Família foi levada ao “Status de Santa” e tornou-se o modelo ideal. Muitas publicações lembram o casal Romanov como sempre muito apaixonado e de dedicação distinta à família. Muito amor aos filhos aos quais criaram com esmerada educação. Nessa mesma Catedral, estão os túmulos dos Imperadores Russos, pois São Petersburgo sempre será a Capital Imperial.
Conclusão
Yekaterinburg é lembrada e conhecida mundialmente pela farta literatura sobre a Família Romanov e os últimos dias da monarquia russa. Vários filmes foram realizados sobre o tema e são muito interessantes, pois visualizam também os belos locais dessa histórica cidade da Sibéria.