Um amigo pegou o link da matéria e postou num grupo de WhatsApp, e vieram alguns comentários. Repliquei em outros grupos que tenho e recebi inúmeros comentários sobre a matéria publicada semana passada relativo à “escassez de mão de obra e envelhecimento no meio rural”. Pela diversidade de opiniões, onde cada qual mostra sua visão do tema, acho pertinente publicá-las abaixo:
F. C.: “Triste, mas é a realidade”.
SI. E.: “São vários os motivos que levam ao envelhecimento da população rural e ao êxodo. Alguns aspectos apontados concordo. Mas existem outros. Tem um aspecto que é muito tratado em artigos que trata sobre a dificuldade da gestão patriarcal (machista) ser socializada com a mulher e com os filhos, levando aos filhos a saírem da propriedade. Esse aspecto é muito impactante. Outro aspecto tratado que pode influenciar o êxodo é a falta de infraestrutura local (eletricidade, internet e acessos de qualidade). Isso afugenta o jovem, pois ele busca estar integrado ao mundo.
Como somos um país exportador, o preço da maioria dos alimentos é estabelecido pela bolsa de valores (mercado) o que impacta na renda dos produtores em anos/safras em que o mercado paga pouco. É bem difícil algum governo intervir nesses preços, até porque exige muito recurso e, se beneficiar o produtor, oprime o consumidor e aumenta a inflação.
O Estado pode atuar no preço dos alimentos, seja sobre o câmbio (alterar câmbio, por exemplo, pode promover maior ou menor motivação para exportação. Mais exportação, maior o preço interno. Menor exportação, maior oferta interna e redução de preços), atuando sobre juros (como o BC é independente, ele foca aumentar juros pra conter inflação, os governos tem pouca manobra), promover mais crédito agrícola, facilitando a produção (redução de custos de produção e aumento de oferta de produtos), atuar sobre a infraestrutura/logística que pode reduzir custos de transporte, etc. Mas todas as ações são limitadas porque exigem recursos que deverão ser deslocados de um setor para outro. Ademais, alguns não tem efeito imediato. Exemplo: mudar a infraestrutura rodoviária de transporte para férrea seria mais viável para redução de custo de produção em geral, mas exige altos investimentos, leva muito tempo e gera um grande problema social com os caminhoneiros.
Uma ação que afeta a maior permanência do jovem no meio rural é a automatização das atividades, mas isso requer do produtor uma mudança de gestão em que ele planeja e reserve recursos para tal. Também linhas de crédito subsidiadas para a aquisição. Isso é caro porque temos sempre juros altos, produzimos pouca tecnologia aqui e a importação encarece muito a aquisição. Teríamos que buscar uma reindustrialização.
Hoje temos muitas universidades próximas a pequenos municípios, isso também ajuda a manter o jovem junto a produção agrícola dos pais. Pois antes ele saía para centros maiores e acabava não voltando, mas muitos criticam a interiorização do ensino.
Enfim, são muitas frentes a serem trabalhadas, tanto por governos como pelas famílias. Como professor, consigo identificar que o aluno recebeu uma ótima educação familiar e não é isso impacta na qualidade do profissional formado”.
G. N.: “Eu ando num raio de 100 km em todos os municípios e posso reafirmar esta situação. Falta funcionário em todas as áreas, hoje antes de comprar as máquinas antes tem que arrumar o operador, se não fizer isso corre o risco de ter que deixar parada. Contratamos diversos venezuelanos e argentinos e nos falta mais de 20 pessoas para trabalhar mesmo tendo reduzido nos últimos 2 anos quase 100 funcionários. Na colheita da uva alguns já estão conseguindo mecanizar”.
G. P.: “Muito preocupante isso mesmo. Ninguém mais quer fazer força. Está mais fácil ficar em casa. O pior ainda é que este empobrecimento intelectual ou indução em massa está dentro das escolas. E nós, pais, nos sentimos de mãos amarradas contra todo um sistema comprometido a um único fim... Triste tudo isso”.
Muito positivo receber retorno, cada qual com sua opinião.