O Auditório do Senai Erechim sediou mais uma edição do “Café com a Indústria”, promovido pelo Sistema FIERGS (SESI, SENAI e IEL), reunindo representantes de empresas, gestores públicos e entidades regionais. O tema central tratou da presença e integração de migrantes na indústria de Erechim e região, com a participação da empresa Comil, que compartilhou um case de sucesso sobre empregabilidade de estrangeiros.
Abertura e integração regional
A gestora do SENAI, Valquíria Grazziotin, iniciou o encontro mencionando a importância de aproximar o setor industrial das instituições de apoio. “Quando trazemos a indústria para perto e ela acolhe o nosso convite, percebemos que estamos no caminho certo”, destacou.
Ela apresentou o panorama de atuação do SENAI e do SESI na região do Alto Uruguai, abrangendo 51 municípios, com o programa Jovem Aprendiz como principal elo entre empresas e estudantes. Citou a referência da unidade de Barra do Rio Azul na área de marcenaria e os avanços em Getúlio Vargas e Jacutinga, além da previsão de expansão para Tapejara.
Valquíria também abordou a integração do Sistema FIERGS: “Hoje, o nosso sistema trabalha de forma totalmente integrada. SESI, SENAI e IEL atuam juntos pelo desenvolvimento industrial.”
Projetos e investimentos do SESI Erechim
O gestor do SESI Erechim, Adão Miguel Cardoso, apresentou os projetos em andamento, incluindo o Espaço Saúde, com previsão de investimento entre R$ 4 e 5 milhões até 2026, reunindo serviços de saúde ocupacional e mental. Também destacou a ampliação da Educação de Jovens e Adultos (EJA), agora itinerante e gratuita para trabalhadores de diversos setores, inclusive rurais e migrantes — que já representam um terço dos 450 alunos matriculados.
Parceria entre poder público e setor produtivo
O vice-prefeito de Erechim, Flávio Tirello, agradeceu o convite do Sistema FIERGS e destacou a importância das parcerias institucionais. “Eventos como este mostram o quanto é possível avançar com ações conjuntas”, declarou.
Ele apresentou números locais do setor produtivo, mencionando mais de 42 mil carteiras assinadas e 22 mil CNPJs ativos no município, e comentou sobre a criação de novos distritos industriais e a implantação de um Distrito de Pequenas Empresas voltado a empreendimentos de menor porte. Tirello reforçou a necessidade de qualificação de mão de obra, tema que também integra as ações conjuntas com o Governo do Estado.
Ações do Instituto Euvaldo Lodi (IEL)
O representante do IEL, Ricardo Afonso Chiarello Bitencourt, apresentou a atuação do instituto na inserção de jovens e no fortalecimento da inovação industrial. “O IEL nasceu com o propósito de inserir jovens no mercado de trabalho e hoje trabalha com inovação, talentos e liderança”, explicou.
Ele também apresentou a nova plataforma Oportunidades.br, que utiliza inteligência artificial para conectar empresas e candidatos, oferecendo o serviço de forma gratuita.
Migração e integração social
A segunda parte do encontro concentrou-se na presença de migrantes na indústria local. Paulo Romero, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), contextualizou o trabalho da instituição e a importância do acolhimento. “A migração faz parte da história da humanidade. É um movimento contínuo e inevitável”, pontuou.
Romero detalhou a atuação da OIM no Brasil e ressaltou o caráter acolhedor da legislação migratória nacional, que permite o acesso de estrangeiros a serviços e oportunidades.
Case da Comil: acolhimento e empregabilidade
A representante da Comil, Fernanda Parmeggiani, apresentou o projeto desenvolvido em parceria com a OIM e a Operação Acolhida, iniciado em 2021. A empresa conta atualmente com mais de 600 migrantes entre seus 2.100 colaboradores, abrangendo cerca de 750 familiares interiorizados.
“O projeto se baseia em cinco frentes de atuação: psicossocial, saúde, consultoria interna, educação e integração cultural”, relatou. A empresa oferece moradia e suporte médico inicial, além de cursos internos e programas de capacitação.
Entre os resultados, Fernanda mencionou índices de retenção de 91% em 2023, e compartilhou o exemplo de Johan Gregorio Rojas Rondon, migrante que hoje atua como instrutor de treinamento.
Histórias de vida e pertencimento
Durante o evento, Johan Rondon relatou sua trajetória desde a chegada ao Brasil até a integração na Comil. “Quando a gente é bem recebido, a gente fica. Eu fui acolhido e encontrei aqui a minha casa”, expressou. Ele comentou sobre o apoio da empresa em sua formação e o desejo de contribuir com outros migrantes que chegam à região.
Governança colaborativa e políticas locais
A representante do Conselho de Desenvolvimento de Erechim (Coder), Arlei Cavaletti Arlei Cavaletti, também participou, detalhando as ações do grupo voltadas à temática migratória, incluindo a elaboração de uma cartilha local de acolhimento e o incentivo à integração entre empresas e poder público.
“No grupo de trabalho sobre migração, reunimos representantes da segurança pública, empresários e educadores. No início, havia visões diferentes. Aos poucos, construímos um entendimento comum: para que a cidade cresça, precisamos dessas pessoas”, relatou.
Ao final, a mediação reforçou que o Café com a Indústria seguirá sendo realizado duas vezes por ano, com temas sugeridos pelas empresas e parceiros locais.