21°C
Erechim,RS
Previsão completa
0°C
Erechim,RS
Previsão completa

Publicidade

Saúde

O terror noturno infantil é mais comum do que parece

Embora assustador, faz parte do amadurecimento emocional e tende a desaparecer com o tempo

teste
“Os hábitos de sono se constroem com tempo, paciência e repetição. O mais importante é que a criança
Por Marcelo V. Chinazzo
Foto Divulgação

O terror noturno é uma experiência assustadora tanto para os pais quanto para as crianças que o vivenciam. Embora pareça um pesadelo intenso, trata-se de um distúrbio do sono com características próprias e, na maioria das vezes, passageiro.

Terror noturno e pesadelo

Segundo a psicóloga Suélen Razzia, especialista em psicoterapia e neuropsicologia infantil, o terror noturno é “um distúrbio do sono, chamado parassonia, caracterizado por episódios recorrentes de despertares súbitos e incompletos, que ocorrem durante o sono profundo, geralmente nas primeiras horas da noite”.

Durante o episódio, a criança pode apresentar medo intenso, taquicardia, sudorese, gritar, chorar, se debater, sentar-se na cama e até olhar fixamente sem reconhecer os pais. A crise dura de um a quinze minutos, e, ao amanhecer, a criança geralmente não se lembra do ocorrido.

A principal diferença em relação ao pesadelo é o nível de consciência. “No pesadelo, a criança desperta assustada, tem consciência e busca conforto nos familiares. Já no terror noturno, embora pareça acordada, ela permanece dormindo e em estado de inconsciência”, explica a psicóloga. Por isso, não reage às tentativas de consolo e não lembra do que aconteceu ao acordar.

Como proceder em momentos de crise

Durante um episódio, o mais importante é manter a calma. Suélen orienta que os pais não tentem acordar a criança, já que ela não está realmente desperta. “Permaneçam próximos, falando em voz suave, garantindo que o ambiente esteja seguro para que ela não se machuque”, recomenda.

Após o episódio, a criança volta a dormir normalmente. No dia seguinte, não é indicado fazer perguntas insistentes sobre o ocorrido. Em vez disso, os pais podem ter “uma conversa leve e acolhedora, observando se algo está causando estresse, medo ou preocupação e que possa estar motivando os episódios”.

Idade mais comum

O fenômeno costuma aparecer dos 9 meses aos 5 anos, sendo mais frequente entre 1 e 3 anos de idade. Essa é uma fase de intenso amadurecimento neurológico e emocional, o que ajuda a explicar a ocorrência dos episódios.

Causas e fatores

O terror noturno está relacionado à imaturidade do sistema nervoso e às transições entre as fases do sono. “As causas ainda são pouco conhecidas, mas fatores como estresse, conflitos familiares, mudanças de rotina, excesso de estímulos antes de dormir e uma rotina de sono desregulada podem favorecer a ocorrência”, esclarece Suélen.

Ela reforça que o problema costuma ser temporário e parte natural do desenvolvimento infantil. “O terror noturno frequentemente é uma manifestação do processo de amadurecimento, tanto físico quanto emocional, mas que merece atenção e cuidado”.

É uma condição passageira?

Na maioria dos casos, sim. “O terror noturno é passageiro e tende a desaparecer com o avanço do amadurecimento neurológico”, afirma a psicóloga. Para reduzir sua frequência, ela recomenda manter uma rotina previsível, com horários regulares de sono e evitando estímulos intensos, telas ou atividades agitadas antes de dormir.

Além disso, é essencial oferecer um ambiente emocional seguro: “Quando situações de estresse ocorrerem, é importante garantir um espaço de acolhimento, permitindo à criança expressar seus sentimentos e emoções”.

Quando buscar ajuda profissional

Embora geralmente passageiro, o terror noturno requer atenção se os episódios forem muito frequentes, prolongados ou causarem sofrimento à família ou à criança. “Se houver ansiedade, medo constante ou regressões comportamentais, é importante buscar avaliação de um neuropediatra ou psicólogo infantil”, orienta Suélen.

Terror noturno e emoções infantis

Apesar da base fisiológica, o terror noturno pode se intensificar em períodos de maior angústia ou insegurança emocional. “O sono também é um espaço psíquico, no qual a criança elabora medos e vivências do cotidiano”, explica.

Por isso, a psicóloga recomenda que os pais observem o comportamento da criança, como mudanças no humor, sinais de estresse ou situações desafiadoras em casa e na escola podem estar refletindo-se no sono.

A importância do acolhimento e da rotina

Para Suélen, a infância é um período de descobertas e transformações e, o terror noturno deve ser entendido nesse contexto. “A infância é uma fase de descobertas de si e do mundo e traz com ela mudanças e desafios. O terror noturno, por mais assustador que pareça, costuma ser apenas um capítulo passageiro do amadurecimento da criança”, afirma.

Ela reforça que dormir bem é fundamental para o desenvolvimento físico e emocional. Por isso, sugere práticas que ajudam a promover um sono tranquilo:

- Manter horários regulares para dormir e acordar;

- Criar um ritual relaxante antes de dormir, com banho morno, leitura ou luz baixa;

- Evitar telas e brincadeiras agitadas nos minutos que antecedem o sono;

- Estimular atividades físicas e brincadeiras ao ar livre durante o dia;

- Garantir um ambiente emocional seguro, no qual a criança se sinta acolhida;

- Respeitar as janelas de sono e observar sinais de cansaço.

Leia também

Publicidade

Publicidade

Blog dos Colunistas

;