O Hotel Plaza São Rafael sediou na quinta-feira (25), em Porto Alegre, a 28ª edição dos Painéis da Engenharia, que teve como tema “Desafios e soluções para a agricultura frente ao contexto das mudanças climáticas”. O evento reuniu especialistas e profissionais do setor para discutir estratégias de adaptação e inovação em um cenário de transformações ambientais cada vez mais intensas.
“Estamos aqui para discutir as mudanças climáticas e os desafios que elas impõem. Infelizmente, não existe uma solução simples, precisamos de conhecimento, ciência, tecnologia e estratégia. A Extensão Rural se coloca à disposição como ponte entre pesquisa e produtores, levando soluções práticas para o campo”, destacou o presidente da Emater/RS, Luciano Schwerz.
De acordo com Schwerz, para enfrentar esses desafios são fundamentais políticas públicas como o Programa Irriga+ RS, que amplia a irrigação e o uso eficiente da água, e a Operação Terra Forte, com investimentos de mais de R$ 903 milhões em conservação do solo e da água. “São ações que fortalecem nossa capacidade de adaptação e resiliência”, completou.
A programação abordou temas relacionados ao futuro do campo, como irrigação sustentável, controle de enchentes, agricultura diversificada e resiliente, além de outras soluções capazes de promover o desenvolvimento rural de forma sustentável.
A palestra inaugural foi conduzida pelo climatologista Francisco Eliseu Aquino, professor da Ufrgs e coordenador de projetos científicos na Antártica. Com o tema “O Rio Grande do Sul e a aceleração das mudanças climáticas”, Aquino apresentou os impactos já perceptíveis no Estado e os cenários projetados para as próximas décadas.
Segundo o pesquisador, o RS ocupa uma posição única: é a porta de entrada entre a Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, e a Antártida, que concentra 90% do gelo da Terra. Essa localização faz com que todos os tipos de fenômenos meteorológicos ocorram no Estado, trazendo tanto benefícios para a agricultura quanto desafios e desastres.
Ele destacou que a mudança climática já é uma realidade. “O clima dos nossos avós não é mais o mesmo. Eventos extremos como tempestades, tornados, estiagens e chuvas intensas tornaram-se mais frequentes e severos. Quando a atmosfera aquece, todos os eventos se intensificam”, explicou o climatologista.
Aquino também alertou que os últimos anos foram os mais quentes registrados da história e que os oceanos, que há décadas armazenam a energia do aquecimento, agora estão devolvendo esse calor à atmosfera, intensificando os fenômenos e explicando os desastres recentes no Brasil e em países vizinhos.
Na sequência, ocorreu o painel temático “Raízes do Amanhã: a agricultura e o futuro climático”, mediado pelo engenheiro agrônomo e extensionista da Emater/RS-Ascar Gervásio Paulus. O debate contou com a participação da engenheira agrônoma Walkyria Bueno Scivittaro (Embrapa), especialista em impactos climáticos no campo; da engenheira agrônoma Amanda Posselt Martins (Ufrgs/INCT – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), com foco em sistemas integrados de produção; e do engenheiro florestal Joe Valle, pioneiro na agricultura orgânica no Brasil, que apresentou a experiência de sua fazenda (Malunga), referência em sustentabilidade no Distrito Federal.
O encontro foi encerrado com um debate aberto entre os palestrantes, promovendo diálogo e troca de experiências sobre os caminhos da agricultura diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
O evento contou com a presença da vice-prefeita de Porto Alegre, Betina Worm; do presidente do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS), Cezar Henrique Ferreira; do presidente da Emater/RS, Luciano Schwerz; além de outras autoridades e lideranças ligadas ao setor.