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Expressão Plural

Ofereço recompensa

Estudante de Jornalismo

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Marina Oliveira
Por Marina Oliveira
Foto Arquivo pessoal

Recentemente perdi algo que demorei pra conquistar e, como é mais simples perder, basta um descuido e pronto. Recuperar é que exige tempo, disposição e, muitas vezes, insistência — isso quando ainda é possível. Tem quem diga que a gente só passa a valorizar de fato quando perde, mas, nesse caso, não se trata de valor; não é produto. Posso afirmar, sem mentir pra mim, que entendi a importância desde o primeiro contato. E, mesmo assim, perdi.

É claro que a falta nos faz querer encher esse espaço que, com o tempo (e análise), pode ser percebido como algo preenchido justamente por nada. Este caso não é muito diferente disso. Sei que posso soar contraditória agora — e provavelmente ainda vou me contradizer muitas vezes mais —, mas sinto que perdi a minha falta.

Me peguei tentando preencher essa lacuna a todo custo, como tanto tentei fazer há tempos, com um muito de tudo: gente, música, poesia… Uma planta ali, naquele canto, ia dar mais vida pra esse meu nada. Mal sabia o quanto a minha falta me compõe e, mais do que isso, o quanto tentar, de todo e qualquer jeito, tapar esse vazio me afastaria de mim.

Foi nessas de perder minha falta que acabei me perdendo. Faltei comigo, mesmo ciente do risco. Mas isso não é novidade pra mim, que costumo me perder como quem esquece o guarda-chuva em qualquer lugar porque simplesmente parou de chover. Avoada, distraída… São muitas as vezes em que tudo lá fora parece muito mais interessante e cativante do que olhar pra dentro. E me perco. Lá vou eu e minha falta, até perceber que nos perdemos: uma da outra, outra da uma.

Geralmente isso acontece porque decido seguir alguém, como se o outro pudesse finalmente preencher e, quem sabe, até mesmo transbordar esse vazio — como muita gente vende por aí. Que historinha pra boi dormir.

Isso de voltar a se reconhecer naquilo que falta é um eterno desaprender, principalmente sobre o que nos empurram goela abaixo: as verdades absolutas, que nada mais são do que ideias prontas e obsoletas. Perceber já é um grande passo, repito pra mim mesma até me convencer. Do contrário, me apego à insegurança e construo muros a fim de afastar tudo que pode chegar a me lembrar de tudo que eu sou.

É que o desconforto é tão — ou mais — confortável que o desconhecido e, por isso, a facilidade em retornar pra esse lugar onde me perco. Afinal, já sei o caminho, conheço a sensação.

Talvez não tenha me perdido por aí e, sim, planejado uma fuga de mim sem perceber — porque é isso que acontece quando me esqueço. Agora, tentando lembrar, que nada mais é do que recuperar, peço que, caso me encontre por aí perdida, me avise que já posso voltar. Ofereço recompensa.

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