21°C
Erechim,RS
Previsão completa
0°C
Erechim,RS
Previsão completa

Publicidade

Expressão Plural

Do próprio jeito

teste
Everton Ruchel
Por Everton Ruchel
Foto Arquivo pessoal

Quando somos crianças, a vida parece uma estrada pavimentada, com placas indicando o caminho: estudar, arrumar emprego, formar família, conquistar estabilidade. A sensação é de que existe um roteiro seguro, e basta segui-lo que tudo dará certo. Mas cedo ou tarde, o asfalto acaba. O que sobra é um chão de terra cheio de curvas e encruzilhadas sem mapa ou sinalização. É nesse ponto que cada um percebe que terá de escolher: seguir a rota que todos recomendam ou arriscar andar do próprio jeito, mesmo sem garantias.
Seguir o próprio caminho não é apenas rebeldia ou teimosia. É, antes de tudo, ser fiel a si mesmo. Ter a chance de traçar a própria rota, decidir cada passo e, mesmo que haja erros, poder dizer que a história foi vivida de verdade. Como Sinatra canta, é saber que “fiz tudo do meu jeito”, encarando cada desafio com autenticidade. Mas essa liberdade também traz peso. Cada decisão deixa marcas e provoca consequências, que ecoam tanto na vida de quem escolhe quanto na daqueles que cruzam seu caminho.
Trilhar um caminho próprio exige coragem. É enfrentar julgamentos de quem prefere ser previsível, lidar com a incompreensão de quem não entende por que se escolheu uma rota diferente, e encarar a solidão que acompanha decisões pouco convencionais. Muitas vezes significa arcar com derrotas que poderiam ser evitadas se a pessoa tivesse seguido um caminho seguro. Ainda assim, é melhor arriscar e viver, mesmo com arrependimentos aqui e ali, do que passar a vida apenas cumprindo expectativas alheias.
Mas, mesmo andando do próprio jeito, ninguém caminha completamente sozinho. Toda trajetória se cruza com a de outras pessoas, e é preciso ser autêntico com respeito ao próximo. O certo e o errado, nesse sentido, não são fixos e aparecem na coerência entre o que se sente, acredita e o impacto que se provoca ao redor. Caminhar com consciência significa saber que cada escolha importa, mas que nenhuma decisão precisa ser perfeita para ter valor. Olhar para trás e poder sorrir, sabendo que não se mudou nada, mas se fez do próprio jeito.
Olhar para trás e perceber que os caminhos prontos poderiam ter sido mais seguros ou fáceis não muda o que realmente importa. São as curvas inesperadas, os desvios, os tropeços e até os atalhos improvisados que revelam quem se é de verdade. Cada erro, cada acerto, cada pausa constrói a história única de cada pessoa. E, quando se chega a um momento de reflexão, dá para perceber que não é o destino final que conta, mas a forma como cada passo foi dado, a coragem de assumir a própria rota e a honestidade de viver do próprio jeito.
Se a vida tivesse um refrão, ele seria simples e direto: cada um deve caminhar do próprio jeito, porque fazer assim, com acertos, tropeços e aprendizados, é a maior verdade que se pode alcançar. E talvez esse seja o grande segredo: não buscar a estrada mais fácil, mas caminhar de forma que, no final, se possa olhar para trás e sentir orgulho do percurso vivido, sabendo que, afinal, foi feito do próprio jeito.

Publicidade

Publicidade

Blog dos Colunistas

;