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Obituário

Morre aos 96 anos, Giorgio Corradi: empresário, escritor, músico e um ícone da cultura erechinense

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Giorgio Corradi iria completar 97 anos no próximo dia 19 de abrll
Por Redação
Foto Rodrigo Finardi

Faleceu nesta segunda-feira, 7, em Erechim, Giorgio Corradi, aos 96 anos. Ele estava internado desde a segunda-feira, 31 de março, no Hospital de Caridade e foi detectado um tumor no cérebro. Passou alguns dias na UTI e acabou não resistindo. Foi músico, escritor e empresário.

Giorgio Corradi nasceu em 19 de abril de 1928, na cidade de Cremona, na Itália e veio para o Brasil 1935 (então com sete anos de idade), juntamente com seus pais Amadeu Corradi e Vitorina Mafé Corradi, e um irmão mais jovem (no Brasil nasceria mais um filho do casal).

A mãe de Giorgio era professora, fato que lhe proporcionou o contato com um ambiente cultural diferenciado, podendo ter acesso a récitas de ópera e concertos, mesmo que não fosse uma família rica.

Seu pai por sua vez, trabalhava no escritório da fábrica de pianos Anelli di Cremona (que viria fabricar os órgãos eletrônicos Farfisa e acordeons). Vale lembrar aqui que Cremona é a cidade natal de Antonio Giacomo Stradivari (1644-1737), um dos mais importantes luthiers da história, o que ilustra o ambiente cultural da cidade que Giorgio vivia.

No Brasil sua família se instalou inicialmente em Erval Grande, lá permanecendo até 1939, quando veio para Erechim.

Iniciou seus estudos ainda na Itália em 1934, mas em Erechim estudou no Colégio Medianeira, na primeira turma de ginásio da cidade em 1941, o qual concluiu em 1945. Seguindo posteriormente, para a cidade de Porto Alegre, para o Colégio Rosário, onde cursou o técnico em contabilidade entre os anos de 1946 até 1948.

A música esteve presente da vida de Giorgio Corradi desde sua infância quando ouvia canções em uma rádio da família, sendo uma das poucas opções de lazer na época, despertando a paixão por essa arte em seu coração. Paralelamente aos seus estudos, fazia aulas de canto e participava de coros.

Durante o período que estudou no Colégio Medianeira, Giorgio participou do coro, que apresentava todos os domingos na missa das 10 horas na antiga Catedral São José um repertório de cantos sacros em latim. Nesse período o coro era regido pelo irmão marista chamado Genésio, que passava nas salas de aula em busca de talentos, e através de pequenas canções, selecionava os alunos com maior musicalidade. Giorgio foi selecionado e cantou no coro durante todo o período (5 anos) que estudou na instituição.

Em Porto Alegre Giorgio também participou do coro do Colégio Rosário (durante cerca de dois anos), que tinha como regente o maestro Gervásio (por coincidência irmão do regente do coro do Colégio Medianeira). Nesse período realizou diversos solos nas apresentações do grupo.

Ainda em Porto Alegre, estudou canto com Themíria D´Azevedo Barros (professora de bastante renome na década de 1940 no Rio Grande do Sul), culminando com uma apresentação no Teatro São Pedro em 30 de setembro de 1948, apresentando a canção Mama.

Com o falecimento de seu tio, Giorgio teve que assumir a direção da Empresa Madeireira da família, na qual ficou por mais de cinquenta anos e apesar da sua paixão pela música nunca pode tornar-se um profissional.

Durante todo esse período Giorgio continuou fazendo música nas horas livres, cantando em diversas ocasiões como por exemplo, na inauguração da Rádio Erechim em 2 de fevereiro de 1947, quando foi acompanhado pelo pianista Oswaldo Engel na canção La Strada Del Bosco.

Giorgio Corradi casou em 1951 com Helena Corradi com quem teve dois filhos Carlos Corradi (im memoriam) e Claudete Corradi. Seu casamento durou sessenta anos até o falecimento de sua esposa. Posteriormente, casou novamente, com Ires Soccol, com quem vivia até hoje.

Mesmo sendo um empresário e atuando como músico amador, Giorgio cantava juntamente com músicos importantes do período como Nininho Vasconcelos, Pedrinho de Souza, Irmã Clarice Holtz, Oswaldo Engel, Ernesto Kreische além do maestro Frederico Schubert.

Cantou durante vinte anos no Coro Misto São José, sob a regência da maestrina Irmã Clarice Holtz (que era auxiliada pela Irmã Consolata) até a extinção do grupo, e no Coro do Gilé (o qual foi fundador), por mais de trinta anos sob a regência do barítono Nei Miolo.

Giorgio Corradi também cantou em casamento durante muitos anos, e dentre outros, é possível citar o casamento do ex-prefeito Luiz Francisco Schimdt, momento que foi acompanhado pela irmã Clarice ao piano.

Em 2014 lançou o livro “Pequena Coletânea de Emoções”, obra composta por letras de músicas escritas pelo autor ao longo de sua vida e que depois foram eternizadas em CDs.

No ano passado (2024), na “25ª Feira do Livro de Erechim – A Leitura nos Conecta!”, Giorgio Corradi foi o homenageado da edição, um reconhecimento pela contribuição no cenário literáriop e cultural do município. Na época em seu discurso na abertura da feira disse: “Quando recebemos uma homenagem como essa só nos resta agradecer pela valorização e reconhecimento. Meu muito obrigado a todos”.

O corpo será velado a partir das 15 horas desta segunda-feira, 7, na Capela B do Hospital de Caridade. A cerimônia de despedida será às 9 horas desta terça-feira, 8, e após o corpo será encaminhando ao Crematório Anjos da Luz

 

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