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Expressão Plural

O futuro de ontem

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Por Everton Ruchel
Foto Arquivo pessoal

Sou um entusiasta da mídia impressa. Jornais, revistas e livros sempre terão uma atenção especial da minha parte. Principalmente os que foram escritos no passado, de preferência ainda no século 20. Quinquilharias que tenho acesso, veja só a ironia, pela via digital. Tanto para ler quanto para adquirir.

E foi em uma das minhas viagens pelos PDFs (que salvam estudantes mundo afora há tanto tempo) que me deparei com uma edição da Revista Placar do fim de 1980. Nela, está uma crônica sobre o “futebol do século 21”, que narra uma partida entre a Seleção Brasileira — oito vezes campeã mundial — e a Seleção da FIFA em 2013. Na imaginação do autor (Marco Aurélio Borba), árbitro, bandeirinhas e técnicos são computadores, os cartões amarelo e vermelho foram trocados por lasers paralisantes, a bola muda de cor quando é tocada com a mão e os gols bonitos valem dois pontos.

Pois bem, faltaram três Copas para o Brasil chegar a oito títulos e o escritor errou todas as audaciosas (ou estranhas) previsões. Porém, o ponto que quero trazer não é sobre o que está certo ou errado no texto, e sim a forma como imaginamos o futuro, que sempre parece estar tão distante. 2013 estava 33 anos longe das pessoas de 1980, mas chegou, foi embora e está 12 anos afastados de quem vive em 2025.

É doido perceber como, independentemente da época, a idealização de um futuro sempre versa na superdependência da tecnologia, com um pé na distopia, quando na realidade tudo evolui de uma forma orgânica. O que mais se destaca não é tanto a invasão das máquinas, mas a maneira como essas ferramentas foram integradas ao cotidiano de forma gradual. Sim, estamos mais conectados do que nunca, mas ainda estamos no controle.

A ideia de um futuro sempre à frente das nossas expectativas é algo que também se transforma com o tempo. O que era futurista em 1980, foi trazido para 2025 (ou 2013) sem o mesmo impacto. Algumas dessas inovações nunca se concretizaram, outras evoluíram para algo completamente diferente do que era imaginado. Voltando àquela crônica de futebol, em vez de árbitros robôs, temos o VAR (o assistente de vídeo), uma ferramenta que complementa a autoridade humana e é comandada por tal. 

E é nesse contraste entre o idealizado e o real que está a graça da trajetória humana: o futuro nunca é uma linha reta, nunca é um corte abrupto entre o que foi e o que será. Ele é uma continuidade de descobertas, desafios e ajustes. A inovação e a adaptação são processos que acontecem devagar, muitas vezes sem serem percebidos, até que alguém olhe para trás e veja o quanto foi mudado. O futuro de ontem pode até não ter vindo da maneira como se esperava, porém, nada nos impede de pensar como será o de amanhã. Faltam 33 anos para 2058, o que será de nós até lá?

Ah, antes que eu me esqueça... O Brasil venceu o time da FIFA por 4 a 2. Um gol bonito e dois normais.

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