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Ensino

Professores temem que escolas se tornem focos de contágio do novo coronavírus

Entre as preocupações de educadores da rede estadual, está a falta de estrutura para trazer segurança sanitária à comunidade escolar

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Entre as preocupações, está a falta de estrutura para trazer segurança sanitária à comunidade escola
Lilian Michielin
Neusa da Silva
Jairo Gallina
Marisa Betiato
Por Amanda Mendes
Foto Divulgação

Insegurança e medo de um possível aumento no número de contágios pelo novo coronavírus: esses são os sentimentos de professores da rede estadual de ensino na região do Alto Uruguai, com a previsão de retorno das atividades presenciais em outubro.

Em entrevista ao Jornal Bom Dia, três educadores comentam que as escolas estaduais ainda não possuem estrutura para receber os estudantes com segurança. Eles acreditam que mesmo cumprindo os protocolos do Centro de Operações de Emergência em Saúde para a Educação (COE-E Local), ainda será insuficiente para garantir que a comunidade não se contamine.

Preocupações

Entre as preocupações, está o transporte, distanciamento dos alunos, recursos para higienização dos espaços e da comunidade escolar, bem como, ao momento que a região está passando no que se refere aos riscos de contaminação. Há duas semanas a R16, que contempla os municípios do Alto Uruguai, está classificada em bandeira vermelha, ou seja, em risco alto.

Retorno precipitado

Para Jairo Gallina, professor da rede estadual e da municipal em Getúlio Vargas, atualmente vice-diretor na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antonio Zambrzycki, o retorno neste momento é precipitado.

“Entendo que a pandemia na região ainda está em fase preocupante e requer muitas medidas de cuidados e isolamento. Por mais que cada escola está constituindo seu COE-E Local para o retorno às aulas, não é suficiente para garantir a saúde de seus estudantes, familiares, professores e funcionários”, pontuou.

“A preocupação vai desde o uso do transporte escolar, a entrada, permanência e saída da instituição de ensino, e o convívio com seus familiares, pois muitos residem com idosos, principalmente avós. Nossas escolas poderão se tornar centros de contágio e proliferação da covid-19, por isso, sou contrário ao retorno das aulas presenciais até que não tenha vacina ou uma drástica redução de contágios”, complementou Jairo.

O professor destaca ainda, que o ensino remoto não traz a mesma qualidade de aprendizagem como o presencial, mas nesse momento é a melhor alternativa. “Acredito que é mais importante priorizarmos o cuidado com a saúde e vida das pessoas”, concluiu.

Estrutura das escolas

Lilian Michielin, professora há 30 anos, atualmente está afastada por pertencer ao grupo de risco, mas está apreensiva com essa possibilidade de volta às aulas presenciais. “Nossa região ainda não teve uma redução significativa de casos, portanto, não vejo como retornar. Além disso, existe uma dinâmica no comportamento dos estudantes, que possivelmente não mudará apenas com o ‘alerta’ do professor (não tire a máscara, não se aproxime, não troque o material com o colega, etc)”.

“Quanto a estrutura, material necessário (álcool gel, máscaras, toalhas de papel) e recursos humanos, não há como garantir que terá disponível o suficiente, considerando que antes da pandemia já convivíamos com a falta desses recursos. Ainda, em caso de professores e funcionários se contaminarem após o retorno, e, por isso, serem afastados, como será o preenchimento do quadro?”, questionou Lilian.

Quem também não se sente segura em retornar para a sala de aula é a professora Neusa da Silva. “Nos espaços da escola é impossível o distanciamento, controlar que os estudantes fiquem longe uns dos outros, e precisamos lembrar que diversas turmas já registravam falta de professores antes da suspensão das atividades presenciais, como ficará agora?”.

Volta só depois da vacina

A diretora do 15° núcleo do Centro dos Professores do Estado do RS (Cpers), Marisa Betiato, concorda com os professores e analisa que as instituições estaduais não deveriam retomar as aulas presenciais neste momento.

“As escolas não possuem infraestrutura adequada para se precaver de uma contaminação em massa, falta funcionários para executar a higienização do ambiente escolar e cumprir protocolos sanitários. Nesse cenário, não temos segurança para o retorno presencial sem existência de vacina comprovada”, comentou.

“Acredito que antes da retomada das atividades presenciais é necessário uma consulta prévia e amplo debate com a comunidade escolar, respeitando suas posições a respeito do tema. Ressalto também que a pandemia está demandando uma dupla jornada de trabalho aos professores e equipes diretivas. É urgente o Estado tomar providências, garantir auxílios financeiros aos trabalhadores para suprir todas necessidades do ensino remoto, equipamentos e compensação de horas de todos os profissionais que estão trabalhando em excesso”, concluiu Marisa.

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