O que a luta dos Na'vi pela sobrevivência em Pandora tem em comum com a história dos povos originários da América no século XV? Para os alunos do 1º ano do Ensino Médio da Escola de Educação Básica da URI, essa conexão tornou-se clara graças a um projeto interdisciplinar inovador unindo História e Redação, realizado na quarta-feira, 22.
Sob a orientação das professoras Emanoela Agostini (História) e Vanessa Collet (Redação), os estudantes mergulharam no filme "Avatar" (2009) não como meros espectadores, mas como analistas críticos. A atividade, intitulada "Avatar: Uma Releitura da Colonização da América", transformou a sala de aula em um espaço de investigação.
Durante a exibição do filme, os alunos foram desafiados a realizar anotações ativas, buscando identificar os paralelos entre a trama de James Cameron e os eventos reais da colonização europeia.
Na frente de História, a professora Emanoela Agostini guiou a turma na desconstrução dos elementos do filme. A busca incessante da corporação RDA pelo mineral "Unobtainium" foi rapidamente associada à lógica mercantilista de exploração de recursos, como o ouro e o pau-brasil. A análise destacou como a visão dos humanos sobre os Na'vi (tratados como "selvagens" ou "primitivos") espelhava o etnocentrismo europeu usado para justificar a dominação e a catequização dos povos indígenas.
Já nas aulas de Redação, a professora Vanessa Collet focou em como essa história é contada. Os alunos analisaram o filme como um texto narrativo, discutindo o uso da alegoria como ferramenta de crítica social. As anotações e a análise em sala investigaram a construção dos personagens, o conflito de visões de mundo (a conexão dos Na'vi com a natureza versus a visão de Pandora como mercadoria) e a estrutura da narrativa.
"A proposta foi conectar as competências", explicou Vanessa Collet. "Eles precisavam entender o fato histórico, com a professora Emanoela, para poder analisar criticamente a narrativa e seus efeitos de sentido em Redação."
Emanoela Agostini complementa: "Usar 'Avatar' permite que os alunos visualizem a estrutura da colonização. A violência, a imposição cultural e a resistência indígena, que muitas vezes parecem distantes nos livros, ganham um impacto imediato na tela."
Ao final da análise, o debate revelou uma compreensão profunda dos alunos sobre como o passado colonial não apenas moldou a América, mas como suas lógicas de exploração ainda ecoam em conflitos contemporâneos.