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Cultura

“Ciranda Sem Fronteiras”: a voz das crianças que atravessaram o mapa em busca de um futuro no RS

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O documentário será lançado em 2026, com duas exibições em Erechim, de forma gratuita
Por Redação
Foto Ilustrativa

Na sala de aula, os olhos curiosos de uma menina venezuelana percorrem o quadro. Ela segura o lápis com firmeza, mas hesita quando precisa escrever. As palavras em português ainda lhe parecem estranhas, mas o sorriso da colega ao lado a encoraja. É nesse gesto simples — o de uma criança que acolhe outra — que nasce a esperança de um futuro sem fronteiras.

Esse é o ponto de partida do documentário “Ciranda Sem Fronteiras”, uma obra que transforma o olhar para dentro das escolas gaúchas em palco de histórias de vida, superação e pertencimento. Idealizado pela pedagoga Regiane Renata Zeppe e dirigido pelo cineasta erechinense Patrick Menegazzo, com produção da Indômita, o filme dá voz a meninos e meninas venezuelanos e haitianos, entre 5 e 12 anos, que hoje tentam construir uma nova vida no Rio Grande do Sul.

Mais do que observar, o documentário que está sendo feito através da Lei de Incentivo à Cultura, escuta. Escuta os medos, os silêncios e as descobertas de crianças que enfrentam, logo cedo, o desafio de aprender um idioma desconhecido, de se integrar a uma turma onde cada palavra dita pode soar como um enigma. A barreira da língua, muitas vezes, não é apenas pedagógica — é emocional, social, cultural.

Mas a narrativa não se limita às vozes infantis. Professores, pedagogos, diretores, antropólogos e gestores públicos também participam, analisando como o Estado, os municípios e as instituições de ensino têm se organizado para transformar o acolhimento em algo real e duradouro.

O lançamento está marcado para o fim de 2026, com quatro sessões públicas e gratuitas: duas em Erechim e outras duas em cidades gaúchas ainda a serem escolhidas. Mais do que simples exibições, cada sessão será seguida por um debate aberto, reunindo o diretor, uma pedagoga e profissionais da educação local, com mediação de jornalistas da região. A ideia é provocar diálogo, gerar reflexão e, sobretudo, criar pontes — entre quem chegou e quem já estava.

O compromisso de inclusão do projeto também se revela na distribuição. Após as exibições presenciais, o documentário será liberado no canal da Produtora Indômita no YouTube, em cinco versões: tradicional, com Libras e legenda descritiva, com audiodescrição, com legendas em espanhol e com legendas em francês ou crioulo.

Com cerca de 60 minutos, gravado em formato 4K, “Ciranda Sem Fronteiras” não é apenas um registro audiovisual. É um gesto de acolhida, um exercício de empatia.

No fim das contas, a obra não fala apenas de imigração. Fala de infância, de sonhos interrompidos e reconstruídos, da coragem de recomeçar em um país novo. Fala do direito universal de brincar, aprender e ser criança — independentemente da nacionalidade impressa em um passaporte.

“Ciranda Sem Fronteiras” não fecha histórias. Ele abre círculos. Uma roda de mãos dadas, onde cada criança encontra seu lugar, sem precisar explicar de onde veio, mas podendo sonhar com aonde pode chegar.

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