21°C
Erechim,RS
Previsão completa
0°C
Erechim,RS
Previsão completa

Publicidade

Erechim

De passagem, indígenas Kaingang evidenciam a hospitalidade erechinense

Durante o tempo em que passam acampadas no município a trabalho, as famílias ficam instaladas na antiga estação ferroviária de Erechim

teste
Durante o tempo em que passam acampados no município, os indígenas Kaingang de Ligeiro ficam instala
Valdecir Lima, de 50 anos, de Ligeiro.
Marisa Ribeiro, indígena Kaingang de 55 anos.
Barracas de lona onde ficam os indígenas.
Por Marina Oliveira com supervisão de Carlos da Silveira
Foto Carlos da Silveira

Erechim, em tradução livre do kaingang, significa campo pequeno, mas o município tem demonstrado grandeza quando se trata da receptividade. A passagem de indígenas Kaingang da Terra Indígena Ligeiro, situada em Charrua, pelo município mostra que, assim como bem disseram Os Monarcas, quem prova de tal hospitalidade, leva “no coração uma saudade, e a vontade de voltar pro Erechim”.

Isso é o que revela a fala de Marisa Ribeiro, indígena kaingang de 55 anos, quando questionada a respeito do acolhimento do povo erechinense.

“As pessoas são muito legais com a gente. Já faz anos que nós viemos para cá a trabalho, quando minha mãe estava viva ainda, acho que já faz 5 anos que ela morreu, nós estávamos com ela por aqui também”, contou.

Durante o tempo em que passam acampados no município, os indígenas Kaingang de Ligeiro ficam instalados na antiga estação ferroviária de Erechim, em estruturas de lona com capacidade para abrigar suas famílias, recursos básicos de sobrevivência e o material de trabalho.

Ali são confeccionadas as cestas e demais utensílios artesanais que, posteriormente, são vendidos no centro da cidade, também na Feira do Produtor, conforme disse Valdecir Lima, de 50 anos, também de Ligeiro. “Aqui a gente vem só para vender artesanato e, quando termina, daí nós retornamos”, destacou.

Porém, ainda que os relatos vindos dos indígenas que por aqui passam se refiram à hospitalidade erechinense, já não é possível garantir a certeza de passar pelo planalto e avistar a mais bela natureza.

O abandono da antiga estação ferroviária do município, bem como de outros pontos que fazem parte da história de Erechim, fica evidente quando o local é visitado. O lixo, a carência de políticas públicas e a falta de manutenção nestes espaços públicos refletem a falta de ações concretas das várias administrações que já passaram com a memória do município.

Memória essa que, assim como consta no depoimento escrito em 1970 por José Maria de Amorim, primeiro tabelião do município, confirma a receptividade como característica histórica de Erechim. Consta no documento que, durante as comemorações de 50 anos do município, em 1968, “Rubens Safro - popular e localmente conhecido como Buja - animava a festa e chamou a cidade de Capital da Amizade”, título esse que logo se popularizou “devido à diversidade das etnias que compunham a sua população e à harmonia de sua convivência”, como conclui o depoimento.

Preservar a história da capital da amizade é também cultivar a memória e o futuro das próximas gerações, afinal, a hospitalidade é o que faz deste “campo pequeno” um grande lugar. (Texto de Marina Oliveira com supervisão de Carlos Silveira)

Leia também

Publicidade

Publicidade

Blog dos Colunistas