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Saúde

Síndrome de Burnout é reconhecida como doença ocupacional

Psicóloga, Letícia Pinheiro, esclarece dúvidas sobre a síndrome que atinge trabalhadores

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Dra. em Psicologia e Coordenadora do Programa URI Carreiras, Letícia Ribeiro S. Pinheiro.jpeg
Por Vivian Mattos
Foto Arquivo pessoal

A campanha Abril Verde destaca a importância em promover a saúde e segurança no ambiente de trabalho, desde a avaliação de riscos até a saúde mental. Neste contexto, o jornal Bom Dia entrevistou a Dra. em Psicologia e Coordenadora do Programa URI Carreiras, Letícia Ribeiro S. Pinheiro, para entender sobre um transtorno causado pelo estresse crônico no trabalho: a Síndrome de Burnout.


Síndrome do Esgotamento Profissional
Em 2023, o Ministério da Saúde publicou uma atualização na lista de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo a Síndrome de Burnout entre as patologias. Segundo Letícia, a síndrome pode ser definida como um esgotamento completo, sendo reconhecida como um adoecimento decorrente de estresse crônico no ambiente de trabalho.


Um estudo da International Stress Management Association (ISMA) revela que o Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos diagnosticados pela Síndrome de Burnout, superado apenas pelo Japão, onde 70% da população é afetada pelo problema. “Atualmente, o tema está bastante banalizado, pois as pessoas estão falando muito sobre o assunto, inclusive, os índices da Síndrome de Burnout aumentaram no Brasil. Somos o segundo país com o maior número de diagnósticos, então as pessoas acabam analisando que todas as situações sejam um burnout”, explica a psicóloga.


Quadro crônico
A psicóloga ressalta que a diferença da Síndrome de Burnout para um cansaço passageiro está na persistência de um quadro crônico relacionado ao trabalho. Portanto, consiste em um acúmulo de situações que desencadeiam o esgotamento no profissional. “Esse trabalhador que está cansado, ele vai dormir e no dia seguinte ou na próxima semana, a sua energia vai retornar. Na síndrome isso não acontece, pois constantemente esse trabalhador vai ficando lentamente adoecido”, enfatiza a profissional.


Tripé
A psicóloga explica que a atual definição, na qual determina a Síndrome de Burnout é composta pelo tripé: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. 


O primeiro é exaustão emocional, identificada em um profissional que tinha muita energia no ambiente de trabalho e gradativamente começa a sentir cansaço, sem energia para propor novos projetos e redução do nível de energia. 


O segundo é despersonalização, que acontece quando o profissional entende que o seu trabalho não tem qualidade e não consegue vê-lo de forma positiva. “Era um profissional que anteriormente tinha um perfil prestativo, colaborativo e perde a vontade de ter envolvimento, passando a se afastar cada vez mais das pessoas”, esclarece a psicóloga. 


O terceiro é a falta de realização pessoal, explicada quando o profissional não enxerga sentido no trabalho que exerce, permanecendo pela necessidade, mas sem desejo de continuar naquele ambiente ou profissão. “Estamos falando de ambientes que provavelmente têm fatores desfavoráveis para a saúde mental do trabalhador, com sobrecarga de trabalho, ambientes tóxicos, com uma gestão ruim, excesso ou ausência de demandas”, exemplifica a psicóloga.


Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome deve ser feito por um médico ou psicólogo, sendo avaliado em consultório os níveis do esgotamento profissional, podendo ser acompanhado de outras comorbidades. “A síndrome é composta de um quadro que envolve tanto sintomas físicos quanto mentais e, por isso, estar atento para as situações diversas que o corpo e a mente respondem, bem como a exaustão emocional, despersonalização e ausência de realização profissional”, evidencia Letícia. 


Segundo a profissional, cada caso é avaliado individualmente, podendo ser necessário fazer o uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, associados a um tratamento psicológico e psiquiátrico, dependendo do nível de gravidade em questão. “Temos que considerar que tudo isso envolve uma reorganização da vida da pessoa, pois a síndrome acomete cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros e essa estimativa tende a aumentar, seja pelas novas condições de trabalho, exigência de mercado ou falta de acesso a um tratamento adequado”.


Sinais
Por fim, a psicóloga ressalta a necessidade de cuidado para sinais de irritabilidade, cansaço extremo, redução de energia, baixa autoestima e sentimento de culpa. A busca por ajuda psicológica precisa ser buscada de imediato para que seja evitado um agravamento.

 

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