O produtor de trigo da região, ano após ano, está se especializando na cultura e investindo em novas tecnologias para colher cada vez mais. Essa é uma realidade. No entanto, o produtor ainda tem que lidar com fatores que não pode controlar, como o clima, que em pouco tempo pode alterar todo trabalho e planejamento do ano.
Esse é o caso do agricultor, Eudenir Pedro Perosa, do distrito de Jaguaretê de Erechim, quando plantou o trigo da safra 2021, ele esperava colher muito bem. Tudo indicava para uma boa produtividade, começando pelo que foi investido na cultura. “Fiz um bom investimento na lavoura e a expectativa de produção era muito boa. No fim, antes de colher, houve chuvas no mês de setembro, temporais, e acabou acamando a lavoura”, explica o produtor.
Ele comenta que em função desses problemas a produtividade ficou abaixo do que era esperado. “Tivemos problemas com giberela, no final do ciclo, não conseguimos entrar com o tratamento, nos dias de acordo, como precisava, e aí ficou bem abaixo da expectativa”, afirma.
Perosa plantou 38 hectares de trigo nesta safra e o objetivo era colher entre 60 e 70 sacas por hectare, contudo, hoje ele está colhendo 30, 35, 40 sacas por hectare e grão sem qualidade. “Não tem PH de acordo”, disse.
Há pelo menos 15 anos Perosa produz grãos e sempre fazendo a rotação de cultura, que contribui para minimizar os impactos ambientais e aumentar a vida útil do solo. Apesar de ter feito tudo certo, em função do clima, vai ter que contabilizar os prejuízos, já que está colhendo menos que a produtividade esperada.
Alto Uruguai - cevada
Trigo e cevada são as duas principais culturas de inverno da região. A cevada encerrou a colheita dos 12 mil hectares, área 25% maior do que a safra passada. “A produtividade alcançada foi em torno de 50 sacos por hectare. O preço normal está 25% a mais que a saca de trigo. Ela é plantada basicamente na região de Getúlio Vargas, sendo que o município que mais plantou cevada foi Sertão com 3100 hectares. Não tem possibilidade de se plantar mais área porque toda ela é feita com contrato, e está limitada por contratos com a Ambev. A nossa região é a segunda que mais planta cevada no Rio Grande do Sul”, afirma o engenheiro agrônomo, Luiz Ângelo Poletto, assistente técnico regional em Sistemas de Produção Vegetal da Emater/Ascar.
Trigo
Poletto lembra que a região Alto Uruguai já foi referência nacional em produção de trigo nas décadas 60 e 70, e agora está voltando a ampliar a área cultivada. “A safra deste ano na região tem 48.200 hectares de trigo, o que representa aumento de 35% na área”, afirma.
O engenheiro agrônomo ressalta que está ocorrendo uma especialização por parte dos produtores de trigo, com reflexo na produtividade das lavouras que está crescendo. “A nossa produtividade média ficou, neste ano, em 56,5 sacos por hectare. Em municípios como Campinas do Sul, Ipiranga do Sul, Getúlio Vargas, que já têm uma experiência maior em trigo, a produtividade chegou a 70 sacos por hectare”, comenta.
Segundo Poletto, tem vários casos de municípios que não plantavam trigo e começaram a cultivar ou que aumentaram a área. “Por exemplo, Aratiba tinha 300 hectares e nesta safra aumentou para 1000 hectares”, observa.
Os municípios da costa do rio Uruguai, Itatiba do Sul, Barra do Rio Azul aderiram à cultura, em áreas pequenas. “Mas plantaram, sendo uma alternativa boa economicamente”, afirma. O município da região que mais plantou trigo foi Sertão com 6.200 hectares de lavouras.
Aumento de produtividade
Ele observa que a região produziu 1 milhão e 600 mil sacos de trigo na safra passada, e este ano irá produzir, em média, já que faltam ainda 10% de área a ser colhida do trigo tardio, cerca de 2 milhões 700 mil sacos de trigo. Em valores, isso representa cerca de 90 milhões de reais a mais em produtividade com relação à safra anterior, que serão movimentados com a cultura do trigo.
Poletto acredita que no ano que vem deve ampliar, novamente, a área plantada de trigo na região. “Entre trigo e cevada devemos chegar em 80 e 90 mil hectares, plantando assim 1/3 da área produtiva da região”, afirma.
Clima
Neste ano, explica o engenheiro agrônomo, houve chuvas fortes no período de floração de algumas lavouras e casos isolados em que ocorreu chuva de pedra. “Mas o que a gente vê são produtores se especializando, plantando boa semente, aplicando defensivos para controlar as doenças e pragas, e com isso buscando maior produtividade”, afirma.
Além disso, muitos produtores estão fazendo bons contratos para garantir o preço do trigo. “O produto-trigo tende a se consolidar na nossa região, aumentando a área e produção, e novamente se tornando referência. Onde a cultura já está consolidada nos municípios, a tendência é aumentar a produtividade para mais de 70 sacos por hectare. E aqueles que não têm alcançado essa produtividade, que está mais baixa, o produtor vai qualificar o seu plantio”, afirma.
A colheita do trigo deve encerrar nesta semana na região. Conforme Poletto, se a média da produtividade fechar em 55 sacos por hectare será bom (ano passado foi 45 sacos por hectare), a região deve ficar entre as melhores do Estado, perdendo somente para Passo Fundo, neste quesito.
* Informações da TV Bom Dia