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Especial

Tradição e Poesia

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Narcy Antonio Maldaner - Advogado
Por Da Redação
Foto Divulgação

“O canto e a música representam parte especial da riqueza cultural do Rio Grande do Sul. Há compositores e intérpretes brilhantes, o que implica um manancial infindável de boa música, com bons poemas, com poesia.  

Nessa construção artística se inclui a poesia gaúcha – poema e poesia são termos interligados, não sendo demais afirmar que a poesia é a alma, a essência de um bom poema ou texto. Não há como desvincular o ato de cantar com o de declamar (recitar), pois ambas as formas exteriorizam o mesmo sentimento.

Ao convidar-me para uma charla sobre poesia gaúcha, a amiga Zeni Bearzi sugeriu que eu referisse a minha declamação, que ela presenciou algumas vezes. A primeira vez, lá pelos 6 ou 7 anos, na escola Medianeira, em Tapejara, fui escolhido para ler um poema na semana da Pátria. Bem mais tarde, já adulto, novamente na semana da Pátria declamei Independência ou Morte, de Dom Aquino Corrêa. Muito depois, numa festa de aniversário um declamador emocionou a todos com uma poesia sobre a morte da mulher amada.

Assim, reavivada a admiração por essa arte, não mais deixei de gostar da poesia gaúcha! Houve também influência da atração especial dos anos sessenta, o Grande Rodeio Coringa – Rodeio Farroupilha – da rádio Farroupilha, da capital, com os declamadores Darcy Fagundes e Luiz Menezes e grandes trovadores. O acesso a livros não era comum, não havia a infinidade de opções de literatura e eram raras as ocasiões para declamar.

Todavia, era nas visitas a empresas pelo Rio Grande, Santa Catarina e Paraná – trabalho, churrascos e futebol – que eu era pealado para declamar; e nos encontros com colegas da OAB, aqui em Erechim e no Conselho Estadual. Mas só sabia poucas poesias, com destaque para Galo de Rinha e Bochincho, ambas do grande poeta Jayme Caetano Braun. Claro que logo logo a repetição era cobrada, pela “plateia” e por mim, o que me motivou a decorar outras e o repertório se diversificou.

Nessas quarteadas, destaco o incentivo do amigo Canhão (Gladimir José Santin), companheiro de andanças em reuniões de consórcio, que não perdia oportunidade e, se dizendo meu empresário, mesmo à minha revelia anunciava o “grande” ou o “maior” declamador, exagero que dispensava desmentido pela evidente brincadeira. E no meio familiar, dois cunhados faziam o mesmo, o Ivo e o Airto Ferreira e seus filhos; e minha filha Nay, que chora com a poesia Mulher Gaúcha, de Nico Fagundes.  

No início eu declamava Jayme Caetano Braun, poeta que dispensa comentários pela magnitude da obra e da cultura do grande payador. A seguir, Luiz Menezes, Apparício Silva Rillo, Colmar Duarte, Vaine Darde e outros. São tantos e tão competentes que não é possível citar todos. Nesses nomes, meu reconhecimento e homenagem aos autores e intérpretes de poesias gaúchas.

Cabe por fim esclarecer que não declamei em concursos oficiais. Compus apenas alguns poemas, entre os quais: Pilcha Gaúcha (publicado em jornal local); um soneto (em Zero Hora); e os versos da abertura do programa Raízes do Sul – rádio Cristalina de Ibiaçá (FM 89.3), domingos, 10h – são de minha composição.

Ainda sobre minha história na poesia: nos anos setenta e oitenta o tradicionalismo se concentrava nos CTGs, que eu apenas começava a frequentar. Já morando em Erechim, vindo de Passo Fundo, ingressei no CTG Galpão Campeiro, o Saleiro da Tradição das querências do Alto Uruguai. A partir de 2009 um marco no tradicionalismo local foi o Acampamento Farroupilha, no qual a poesia é um marco firme como palanque de amansar potro. Nesses mais de 10 anos, ouvi declamadores e declamei nos galpões do Relincho do Pago, dos Campêro, da Brigada Militar, da 19ª Região Tradicionalista, do Master e outros, e com imensa alegria na Missa Crioula do Pe. Girelli. E nas recepções da nossa Chama Itinerante. Outro local que me honrou é a Feira do Livro, por meio da entusiasta Alba Albarello e seu Café Cultural. Por fim, em programa tradicionalista no rádio fui largamente prestigiado pelo grande tradicionalista deste pago, Aldo de Assis Ribeiro.

“Declamar, é SER a poesia a cada palavra recitada, com paixão, amor e VERDADE” (Rosa Linn).

“Declamar é sentir a alma deixar o corpo e vagar por outras fronteiras, outros pagos, outras querências… É voltar na história, voltar nos tempos. Viver vidas que não vivi. Declamar é sentir o mundo inteiro silenciar e, assim, ouvir apenas o meu coração pulsando fora de mim.” (Aritanna Kuyumtzief).

“Declamar é muito mais que técnica e ensaio, é a conexão entre o declamador e o poema. E se transportar por alguns instantes pra um mundo criado pelo autor do poema, mas recriado de forma única por cada um que declama.” (Giuliano de Andrade).

Por derradeiro, afirmo: Declamar e ouvir poesia exige sensibilidade. E se é poesia gaúcha, pulsa no peito o orgulho de ser Gaúcho!”

 

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