O mundo vive um período inédito. É preciso seguir as orientações de prevenção ao Covid-19, mas, além disso, não se deve esquecer da saúde mental. Em um período de distanciamento social, muitas pessoas têm permanecido longos períodos em casa e se adaptando a uma nova rotina e realidade. Por isso, é momento de voltar os olhos ao bem-estar psicológico e procurar ajuda profissional.

Em Erechim, a Clínica de Psicologia Instituto Insight neste momento está realizando os atendimentos  psicológicos  também por meio de ferramentas online. De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta, Fabíola Bergman Zaffari, a proposta foi de disponibilizar o atendimento online com o objetivo de auxiliar as pessoas que não teriam possibilidades de ir ao consultório. “Neste momento, estamos abrindo a possibilidade das pessoas terem acesso a uma escuta, procurando focar na questão do isolamento social, da pandemia e dos sentimentos relacionados ao momento”, salienta Fabíola.

A psicóloga Fabíola tem como referencial teórico e técnico para seus atendimentos psicológicos fundamentados na psicanálise, nesta teoria, o encontro, o vínculo e a presença do paciente se faz necessário.

“Em uma situação como a do Covid-19, onde tivemos que interromper as nossas atividades de uma hora para outra, as pessoas não podem estar mais convivendo uma com as outras e devido a este isolamento social foi necessário em algumas situações oferecer o atendimento online. Esta prática não era realizada como forma de trabalho sistemático, mas acabou se tornando algo imprescindível neste momento”.

 

As diferenças do atendimento presencial para o online

Outro ponto destacado por Fabíola é a importância das diversas teorias que fundamentam uma técnica na psicologia. “Existem algumas teorias onde a questão da presença é importante, do psicoterapeuta estar no consultório junto com o paciente. O vínculo que se estabelece, a questão do acolhimento e da escuta é muito importante para determinadas teorias da psicologia”.

Para as sessões online, os atendimentos são realizados por meio do Skype. Fabíola salienta que algumas patologias não há indicação de atendimento de forma online. “Sou psicoterapeuta de crianças e adolescentes. Para mim se torna inviável o atendimento de crianças de forma online. Precisamos entender que o encontro que se propõe dentro de uma sessão de psicoterapia presencial é algo que, na minha opinião, não é possível de ser substituído em um atendimento online. As sessões familiares também se encaixam nessa situação, o que acontece ou qual a relação que existe e que acaba aparecendo na terapia, no atendimento online não consigo ver da mesma forma”, ressalta.

Segundo Fabíola, os atendimentos online já haviam sido realizados em situações esporádicas – como por exemplo, quando um paciente se muda para outra cidade ou como também em situações pontuais. “O atendimento online é algo muito sério, assim como as sessões presenciais de psicoterapia. Tem que ser respeitado o setting, o sigilo e as questões éticas que envolvem um tratamento psicológico”.

Com as sessões realizadas de forma online, também existe uma preocupação com o local adequado. “A questão do sigilo é essencial, é importante termos um ambiente adequado e um equipamento apropriado para a realização dos atendimentos. Esse é um momento de escuta e de auxílio. Nos atendimentos virtuais também estamos fundamentados em uma teoria e técnica psicológica”.

Quando é necessário o atendimento online?

Para Fabíola, nem todos os casos se encaixam em um atendimento online. “Para algumas pessoas é algo importante e fundamental. Mas nem todas as pessoas que procuram uma psicoterapia se beneficiariam ou até mesmo poderiam ser atendidos de forma virtual. Existe uma questão de avaliação, onde entendemos que precisamos estar mais instrumentalizados e desenvolver a questão da teoria e técnica no atendimento a distância. Por isso, que há situações que são emergenciais com determinados indivíduos, o atendimento online pode ser benéfico. Dentro do que estudei e acreditando na teoria com qual trabalho, penso que o atendimento online não substitui o atendimento presencial, a não ser em momentos como estamos vivendo atualmente e que impossibilite as pessoas a irem ao consultório e que precisam ficar recolhidas em seus lares”.

Para o momento difícil e de indefinições que todos estamos passando, o atendimento psicológico online possibilitou uma importante forma de auxilio, onde os indivíduos podem ter acesso a uma ajuda especializada, com o enfoque da psicologia de apoio, pois esta situação nos remete a nos sentirmos frágeis, impotentes, com medo das perdas e com nosso psiquismo invadido pelos sentimentos de angústias e caos.

A psicoterapia online foi regularizada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), desde 2018, para que os atendimentos possam acontecer é necessário o profissional realizar um cadastro na plataforma e-PSi, o que possibilita a fiscalização dos trabalhos. No Conselho Regional, a medida também aconteceu. Conforme Fabíola, “a regulamentação dos atendimentos online foram feitos com algumas ressalvas nesta situação do novo coronavírus. Os conselhos fizeram as recomendações. Precisamos pensar se os atendimentos online passarão a ser uma tendência, pois existem questões da psicologia que se diferem de outras áreas, que diz respeito a presença do psicoterapeuta e do paciente. Existindo a necessidade da relação entre o psicoterapeuta e o indivíduo”.

Saúde mental

A maior preocupação dos profissionais de saúde é sobre as consequências a curto e a longo prazo que a pandemia deve causar. Para Fabíola, cada pessoa irá reagir de um jeito. “Essa pandemia e toda essa situação tomou conta de uma forma intensa da sociedade como um todo e foi algo que nos pegou de surpresa, estamos sentindo medo, angústia e incerteza. Algo que as pessoas não esperavam e que assusta muito. É importante manter uma tranquilidade e seguir os cuidados que são orientados pela Organização Mundial da Saúde e pelas entidades médicas de Erechim. Cada pessoa vai reagir de um jeito, poder ficar em casa e estar próximo das pessoas que convivem conosco, procurando realizar atividades como ouvir música, assistir filmes, manter os contatos com os amigos e familiares pelas redes sociais. Importante poder manter um certo equilíbrio para que possamos sair de uma forma melhor desta situação”, finaliza a psicóloga.