Exaltação da Santa Cruz
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Hoje celebramos a Exaltação da Santa Cruz, festa na qual contemplamos o Mistério do nosso Redentor Crucificado, que manifestou ao mundo sua total e livre entrega por amor. Por isso, na Última Ceia Ele mesmo disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Este é seu testemunho.
Caros irmãos e irmãs. Esta celebração é uma ocasião especial para contemplarmos o mistério do sofrimento e da redenção. Imersos num contexto que prioriza o conforto e o bem-estar, somos convidados a reconhecer que na Cruz de Jesus está a nossa salvação. Mais ainda, somos orientados a olhar para a Cruz de Jesus como fonte de graça, força e vida plena.
A primeira leitura (Nm 21,4b-9) nos recorda a caminhada do povo hebreu no deserto rumo à terra prometida. Diante das dificuldades encontradas, o povo pôs-se a murmurar contra Moisés: “Por que nos fizestes sair do Egito para morrermos no deserto?” (Nm 21,5). Também hoje, diante das dificuldades, muitos reclamam e murmuram contra Deus. A leitura continua e diz que com o surgimento das serpentes venenosas, o povo hebreu reconheceu suas falhas e suplicou a Moisés para interceder junto a Deus por sua misericórdia. Então, Deus ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse sobre uma haste. Deus disse-lhe: “Aquele que for mordido e olhar para ela viverá” (Nm 21,8). Esse acontecimento apresenta-se como um anúncio profético da Cruz de Cristo, fonte de vida e salvação para toda a humanidade.
O Evangelho (Jo 3,13-17) apresenta Jesus em diálogo com Nicodemos. No início de sua conversa, Jesus lhe havia dito: “Quem não nascer do alto não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3,3). Nicodemos foi convidado a nascer do alto, ou seja, a acolher a Palavra de Jesus como princípio de vida e passar a viver conforme seu ensinamento. À luz do acontecimento do deserto, Jesus lhe disse: “Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,14-15). Jesus indica-lhe que a doação total pela causa do Reino de Deus é o caminho da salvação. Assim, Nicodemos foi convidado a nascer do alto, ou seja, a aprender daquele que foi elevado da terra no alto da Cruz.
Prezados irmãos e irmãs. A Cruz de Jesus é o resultado do que Ele viveu e pregou, de sua comunhão plena com o Pai: “Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que me enviou” (Jo 6,38). No alto da Cruz, Jesus oferece a todos o sentido de uma vida de serviço doada até a última consequência: “Amou-os até o fim” (Jo 13,1). E é isso que ele propôs aos discípulos: “Como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20,21). Na Cruz, o Filho de Deus fez de sua morte uma entrega total ao plano do Pai e concluiu sua missão dizendo: “Tudo está consumado” (Jo 19,30). Assim, Ele nos ensina que a vida tem sentido quando vivida de acordo com a sua causa e do Evangelho.
Portanto, a Cruz de Jesus, aparente sinal de derrota, revela-se como sinal de vitória. Assim nos apresenta o Apóstolo Paulo: “Jesus Cristo, existindo em condição divina..., esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens... Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre... e toda língua proclame: ‘Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai” (Fl 2,6-11). A morte na Cruz, consequência de sua fidelidade ao plano do Pai, é sinal de vida e salvação para todos que acolhem seu ensinamento.
Caríssimos. “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Por isso, a Carta aos Hebreus diz que Jesus “se tornou para todos os que lhe obedecem, princípio de salvação eterna” (Hb 5,9). Jesus, no alto da Cruz, “nos atrai para si, conduzindo-nos ao coração do Pai e oferecendo-nos uma vida plena e eterna”. Que nosso olhar se volte para a Cruz de Cristo e nela contemplemos seu grande amor por toda a humanidade.
Deus abençoe a todos e bom domingo.