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Blog do Marcos Vinicius Simon Leite

Marcos Leite

Adolescência

Por Marcos Vinicius Simon Leite

Desde que começou a causar um certo barulho mundo à fora, a série Adolescência descortinou um mundo que sabíamos que existia, mas que fingíamos não ver. Até porque a adolescência é uma fase complicada. Parece uma dor de barriga. Dá e passa, mas dependendo de “como passa”, pode arrastar dramas e problemas para o resto da vida.

Origens

De todos os dilemas que envolvem esta importante fase da vida, a sexualidade é um dos fatores que mais se sobressai. “Ninguém quer estar só.” Esta é uma das falas de Osho, na obra Emoções, um guia para se libertar do medo, da inveja e da raiva, publicado no Brasil pela Editora Cultrix. O pensador indiano lembra que o medo é um mecanismo presente em nossas vidas. “Não se trata apenas do medo individual, mas também o medo coletivo”, aponta. “Na adolescência vivemos a ruptura da infância para tentar encaixar na vida adulta”. Uma dupla mudança que acomete a todos e, quando operada em silêncio, pode ser ainda mais difícil.

Quando eu crescer

Quem nunca ouviu esta expressão? Quando eu crescer eu quero ser… Enquanto somos crianças, nossa criatividade costuma dar pistas sobre os nossos propósitos de vida. Segundo Osho, quando entramos na adolescência passamos a vivenciar o medo coletivo. Essa vivência em grupo pode ser a grande causadora do afastamento que vivemos da nossa própria essência. Para piorar este cenário, Osho descreve que a sociedade, a cultura, a religião e a educação conspiram contra a inocência das crianças. A influência desses meios impede que muitos indivíduos se desenvolvam em harmonia com seus destinos naturais.

Meio social

Por falar em meio social, são justamente as redes e as mídias - os meios, por assim dizer - os principais mecanismos responsáveis pelo desacerto na vida de nossas crianças. Osho entende que a sociedade molda as crianças por meio de um “formato de utilidade”. Algo bem marcado na série Adolescência. “Numa certa medida, a utilidade aniquila a alma da criança e lhe atribui uma falsa identidade, de forma que ela sequer sinta falta de sua alma”. No entanto, “a identidade substituta apenas é útil no contexto do grupo”, diz Osho. Assim, no momento em que a criança se vê só, sem companhia, o que nela é falso começa e desmoronar-se.

Os perigos da adolescência

Nos anos 80, quando fui adolescente, os pais tinham dois medos básicos com relação aos filhos: as drogas e a gravidez. Mesmo assim, era comum haver jovens drogados e mães adolescentes (quando não ocorriam eventos de interrupção da gestação). Todavia, a vida de verdade acontecia fora de casa e nunca dentro do quarto. Mas tudo mudou e os jovens daquela época são os pais de hoje. Acreditam que a receita para manter os filhos longe das drogas e dos prazeres do sexo seja prendê-los no conforto de casa, em um quarto com acesso à internet. A droga hoje em dia passou a ser a própria internet e as redes sociais, enquanto a expressão da sexualidade acaba por se moldar com base naquilo que acessam.

Viragem

É bom que a série tenha acordado tanta gente, especialmente os pais medrosos, que imaginavam o conforto de casa como sendo um ambiente seguro para os filhos. Lamentavelmente, esse caminho perigoso das telas começa desde cedo, quando num simples almoço os pais decidem calar os filhos com uma tela, já desde a tenra idade. Assim o fazem para comer tranquilamente. Há portanto uma lacuna geracional em que os pais, sempre cansados de correr atrás do estilo de vida e aos prazeres do consumo coletivo, sucumbem ao não ter tempo para dar atenção, tanto à infância, quanto à adolescência de seus filhos. O resultado aí está. O que nos mostra a série Adolescência, é que estamos bem perdidos em meio a tudo isso.

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