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Blog do Marcos Vinicius Simon Leite

Marcos Leite

A ira e a raiva

Por Marcos Vinicius Simon Leite

Será que ira e a raiva são o mesmo sentimento? Será que ambos podem ser bons, mesmo sabendo - de antemão - se tratar de algo quente, agitado e visceral? Seja como for, fiquei com essa dúvida e me pus a pesquisar. A resposta, que renderia uma boa tese de doutorado, deixo para os pesquisadores. Por ora, apresento algumas impressões. Só para reflexão.

A ira

Robert R. Jones (1883 – 1968), teólogo americano conceituava a ira como “uma resposta ativa e integral de juízo moral negativo contra um mal por nós percebido”. Os dicionários a definem como um sabstantivo feminino que tem como sinônimos a cólera, a raiva, a indignação, a fúria e a violência, podendo ser também um castigo ou vingança divina. Discordo apenas do “feminino”, embora seja “a” ira. Acredito ser bem mais um sentimento masculino do que feminino. Mas sei, o gênero aqui só serve para dar exemplo. Se fosse “o” ira, pensaríamos ser a banda de rock dos anos 80.

A raiva

Para Osho (1931 – 1990), espiritualista indiano, a raiva não é necessariamente uma emoção ruim, como descrevem os dicionários. No seu entendimento, se trata de uma energia, pura e bela, que quando irrompe, requer consciência e testemunho para que possamos ser surpreendidos. Segundo explica em sua obra – Emoções - o simples fato de a reconhecermos e nos conscientizarmos já faz com que ela cesse e se transforme em algo positivo, podendo assumir o viés da compaixão ou do perdão, desde que conduzidas pela energia do amor. Do contrário e, como bem a entendemos, a raiva reprimida envenena. Por ser “energia”, deve fluir.

Ira e raiva

São muitas as passagens bíblicas que falam da ira e da raiva. O evangelho de Mateus (5:22) diz que “aquele que se irar contra o seu irmão estará sujeito ao julgamento”. Aqui, seria o julgamento divino, muito embora saibamos que na justiça dos homens a raiva impõe certos castigos que nem mesmo a divindade seria capaz de aplicar. Por isso entendo que a ira é a raiva descontrolada, mal canalizada, externada de maneira não consciente, fora dos limites do bom senso.

Exemplo

Um bom exemplo do que vem a ser a ira e a raiva é o que passou a família Rubens Paiva, recentemente badalada por conta do filme e do livro “Ainda estou aqui”. Em especial, a viúva Eunice, que mesmo com muitos motivos para se deixar dominar pela raiva e ser conduzida pela ira, soube ser racional e consciente. Não ao ponto que refere Osho, no sentido de perdoar ou mesmo ter compaixão daqueles que praticaram tortura, mas sim na maneira como lidou com os fatos e de como passou isso aos filhos. Eunice é um belo exemplo de quem transmutou o sentimento (por vezes reprimido) em uma razão para lutar pelo que considerava certo. E fez muito bem.

Como agimos

E nós? Como reagiríamos se estivéssemos na pele da Eunice? Saberíamos reconhecer os erros cometidos pelos outros de uma forma a transformá-los em algo bom? Difícil, não? E o lha que a vida é cheia desses episódios. Mas como bem diz o evangelho, a justiça foi feita, ainda que tardiamente. No tempo de Deus é assim. Acabo, portanto, por concordar com Osho e com o teólogo. A raiva pode não ser boa na origem, mas pode ser diferente se soubermos transformá-la em algo bom, mesmo quando surge, no outro, em valência contrária e provocativa. No fundo no fundo, o tal “olho por olho, dente por dente”, também descrito no Evangelho de Mateus (5:38-39) só termina quando damos a outra face. Por quê? Pergunte a alguém que tem amor no coração. Só quem ama é capaz de responder.

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