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Rural

Safra de verão deve ser definida no manejo das lavouras

Neutralidade do clima não será a principal influência no resultado da produtividade

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Por Rosa Liberman
Foto Rosa Liberman

Todos os prognósticos dos principais centros internacionais que lidam com previsão do clima indicam que não há condições de ocorrer fenômenos La Niña ou El Niño no decorrer da próxima safra. A sinalização é para uma condição de clima neutro. O que significa, de acordo com o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, nem a melhor nem a pior condição de clima para o desenvolvimento da safra de verão.

"As grandes estiagens que tivemos no passado que causaram impacto no verão como em 2004/2005 ocorreram em ano neutro. Mas não significa que vão se repetir. O que temos que ter presente é que o comportamento de Oceano Pacífico é apenas um dos fatores que influenciam na variabilidade do clima no Sul do Brasil. Em ano neutro, o que pode ser determinante na questão chuva é o Oceano Atlântico na costa do Sul do país. Quando as águas do Atlântico estão aquecidas, temos boa distribuição de chuva, mesmo no verão. A safra de 2017/18 terá influência do clima pelo comportamento do Oceano Atlântico e pelo ciclo de passagem das frentes frias", explica.
Diante deste cenário, o agromteorologista salienta que é importante o agricultor usar todo conhecimento técnico para melhor manejar as lavouras. "Acredito que o desempenho dessa safra não será tão condicionado pelo clima, mas influenciado mais pelo histórico de produtividade do próprio produtor e pelo tipo de manejo por ele adotado", acrescenta.
Para se precaver de frustração com o clima, Cunha destaca que existem duas medidas para serem tomadas visando a diluição de riscos: diversificação das épocas de semeadura e, se a área foi maior, preferencialmente diversificar cultivares; e tomar seguro agrícola (Proagro ou seguro privado). 

Área de soja deve aumentar na região
A safra de verão já está definida. Os produtores já adquiriram os insumos, sementes e definiram a área a ser cultivada. No Alto Uruguai a previsão segundo a Emater é de que a soja, principal cultura econômica tenha uma ampliação na área a ser cultivada de 4,68% comparando com a safra passada, passando de 234 mil hectares para 245.500 mil hectares. O aumento na área se deve em função do preço melhor do que o milho (R$ 60 e R$ 21,50 a saca de 60 quilos, respectivamente) e em função de novas áreas que estão sendo abertas. 
Em 2015 a cotação do milho disparou no Brasil, pois em todas regiões houve problemas com a seca, com exceção do Rio Grande do Sul, de acordo com o agrônomo da Emater, Nilton Cipriano de Souza. Assim, no ano passado os produtores cultivaram o milho acreditando que os preços iriam ter preços elevados, mas isto não ocorreu. Os preços reduziram e vem sendo praticado nos mesmos patamares até hoje.
Souza salienta que a área cultivada com o cereal será reduzida de 56 mil hectares para 35 mil ha nesta safra. O cultivo na região inicia quando a temperatura do solo ficar mais quente, já no início de setembro. No caso da soja, a semeadura começa na segunda quinzena de outubro. Com relação a produtividade, o agrônomo enfatiza que ela é favorável com a expectativa de ano neutro (sem ocorrência de fenômenos La Niña ou El Niño - chuvas dentro da média).
No ano passado a produtividade média foi de 3.600 quilos por hectare (60 sc/ha) com manejo e adubação a tendência até melhora em função da tecnologia que está mais avançada.  No momento os produtores estão fazendo os preparativos do solo, como o manejo da palhada ou aguardando a colheita da safra de inverno para iniciar a semeadura da safra de verão.
Conforme o agrônomo da Cooperalfa, Juliano Mezzalira, supervisor técnico para a região Alto Uruguai, sempre que ocorrer plantio de culturas com clima neutro é positivo. Isto porque em situações La Niña ou El Niño o produtor fica indeciso com relação ao momento de semear, fazer aplicações de insumos, entrar com maquinário na lavoura. "O clima neutro torna mais fácil o planejamento da semeadura e as condições são adequadas para a semente de qualidade expressar seu máximo potencial produtivo", diz.
Outra situação que Mezzalira salienta é o tráfego de maquinário nas lavouras, que em ano de clima neutro facilita, ao contrário de períodos de excesso de umidade. Também a tendência é de não haver problemas com ataques maiores de pragas e doenças. "O produtor, necessariamente deve estar atento ao adquirir semente de qualidade. Fora isso, em anos de clima neutro, conseguimos com que a planta expresse seu potencial genético", diz.
O agricultor Vander Dariva, possui 46 hectares na linha Santa Lúcia, interior de Erechim. É a quarta geração na propriedade. Ele cultivou 22 hectares com soja na safra passada e vai plantar 26 hectares nesta safra e outros 5 ha com milho, onde mantém aveia de cobertura agora no inverno. Também possui 0,4 ha com parreiras. Ele aumentou a área cultivada com a oleaginosa em função do preço do grão, que está mais alto.
Com relação a produtividade, no ano passado ele obteve 75sc/ha e neste ano espera obter, pelo menos, 60sc/ha. "Não adianta ter boa semente, fazer os tratos culturais e o clima não ajudar", diz.
No que diz respeito ao custo de produção, Dariva comenta que está mais baixo do que no ano passado, porém, o preço do grão também está mais baixo do que foi praticado em 2016. 


 

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