Durante este mês, a campanha Junho Lilás ganha destaque em todo o país com o objetivo de reforçar a importância do Teste do Pezinho, exame obrigatório e gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os recém-nascidos. Realizado preferencialmente entre o 3º e o 5º dia de vida, o teste é essencial para detectar doenças graves e, muitas vezes, silenciosas no início da vida. A identificação precoce permite o início imediato do tratamento, o que pode evitar sequelas irreversíveis e até a morte da criança.
A importância do Teste do Pezinho nos primeiros dias de vida
De acordo com o médico pediatra e intensivista pediátrico Dr. Fernando Ferri, o Teste do Pezinho é essencial nos primeiros dias de vida do bebê porque permite o diagnóstico precoce de doenças graves, muitas vezes assintomáticas ao nascimento. “O maior risco de não realizar o teste ou ignorar seus resultados é perder a oportunidade de prevenir danos sérios e evitáveis. Muitas dessas doenças têm tratamento acessível e eficaz, mas somente se iniciado precocemente”, afirma.
Barreiras de acesso e os desafios da cobertura universal
Apesar de ser um direito garantido por lei, nem todas as famílias realizam o Teste do Pezinho. O pediatra explica que a desinformação, o desconhecimento e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde estão entre os principais motivos. “Além disso, as explicações para os pais nem sempre são claras o suficiente. Para melhorar essa situação, é importante investir em ações que destaquem a importância do teste e as consequências de não fazê-lo”, ressalta Ferri.
O papel do SUS e dos profissionais de saúde
O Sistema Único de Saúde é o grande responsável pela realização gratuita do teste, além de garantir todas as etapas posteriores, como confirmação diagnóstica, tratamento e acompanhamento. “Os profissionais de saúde têm papel fundamental em todo esse processo: desde a coleta da amostra até o encaminhamento aos centros de referência, quando necessário”, explica o pediatra. O trabalho em rede entre unidades básicas, laboratórios e hospitais é crucial para garantir agilidade e eficiência na resposta.
Riscos e consequências da não realização
O Dr. Ferri alerta para as graves consequências da não realização ou do atraso no Teste do Pezinho. Entre as doenças detectadas, estão fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, deficiência de biotinidase, anemia falciforme, fibrose cística e hiperplasia adrenal congênita. “Essas condições, se não identificadas e tratadas precocemente, podem levar a convulsões, atraso no desenvolvimento, deficiência auditiva, problemas neurológicos e até a morte. Mesmo que o bebê pareça saudável, essas doenças podem estar presentes”, pontua.
Expansão do teste: um avanço necessário e possível
A ampliação do número de doenças rastreadas pelo Teste do Pezinho já está prevista pela Lei nº 14.154/2021, que estabelece a inclusão progressiva de doenças genéticas, metabólicas, enzimáticas, endocrinológicas e hematológicas. “Essa expansão não só é viável, como também essencial diante dos avanços da medicina e da genética”, defende Ferri. No entanto, o médico ressalta que a implementação dessa ampliação ainda enfrenta desafios, principalmente em termos de desigualdade regional, sendo necessário um compromisso contínuo para garantir equidade no atendimento em todo o país.
Junho Lilás: mobilização e conscientização
O mês de junho é marcado pelo Junho Lilás, campanha nacional de conscientização sobre a Triagem Neonatal. Para o Dr. Ferri, a iniciativa é de grande importância. “Ela tem a missão de educar, sensibilizar e mobilizar a sociedade sobre um tema fundamental. A campanha busca informar sobre as doenças que podem ser detectadas precocemente, reforçar o papel da família e dos profissionais de saúde, além de incentivar a realização do teste no momento certo”, afirma.
Apesar dos avanços, ele destaca que o impacto da campanha depende de ações contínuas de educação e informação, além do envolvimento de toda a sociedade. “A triagem neonatal é uma das mais poderosas ferramentas de prevenção em saúde pública infantil, e precisa ser compreendida como uma prioridade para todos nós”, conclui o pediatra.