Davi escreveu o Salmo 15, provavelmente mais de 1.000 anos depois de Jó passar pelas provações relatadas no livro que traz o nome dele. Se ler este Salmo com o plano de fundo de Jó, especialmente do capítulo 31, dá para imaginar o rei de Israel sendo inspirado pelas palavras do famoso sofredor.

Davi escreveu:

“Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem poderá morar no teu santo monte?

Aquele que vive com integridade, que pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; aquele que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; aquele que, a seus olhos, tem por desprezível ao que merece reprovação, mas honra os que temem o Senhor; aquele que jura e cumpre o que prometeu, mesmo com prejuízo próprio; aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente.

Quem age assim não será jamais abalado” (Salmo 15).

Não sabemos exatamente quando Davi compôs esse hino, mas sabemos do foco dele na adoração a Deus em Jerusalém. Ele levou a Arca da Aliança, que representava o trono de Deus, à capital. Preparou o local, a planta e materiais para a construção do templo, visto como a Casa de Deus. A ideia da comunhão com Deus ocupava a mente de Davi.

Jó também tinha essa preocupação. Ele não entendia seu sofrimento, que Jó e seus amigos interpretavam como alguma forma de castigo divino. No capítulo 31, ele apresenta sua defesa, até para o próprio Senhor. Jó não afirmou ser homem perfeito, mas ele disse que vivia com integridade em todos os sentidos – tanto nas questões morais e éticas quanto nos assuntos religiosos.

Davi falou da integridade, justiça e honestidade. Ele especificamente rejeitou a difamação e maus tratos aos outros. Recusou apoiar os malfeitores e se mostrou sensível às necessidades dos vulneráveis.

Jó frisou pontos parecidos. Ele falou da pureza sexual e fidelidade no casamento, do procedimento justo e generoso com os outros e da sensibilidade às necessidades dos pobres, órfãos e viúvas. Ele rejeitou todas as formas de idolatria e hipocrisia.

Quando se trata de datas de composição, é provável que Jó tenha sido o primeiro livro da Bíblia. Podemos posicionar Jó entre Noé e Abraão, e assim muito tempo antes da revelação da Lei de Moisés. Jó pronuncia um padrão elevado de moralidade, ética e pureza religiosa.

Nas palavras de Jó e Davi encontramos excelentes orientações para nosso serviço ao Senhor!