Foi-se o tempo em que as bibliotecas eram um dos únicos espaços para realizar as pesquisas pelas quais os alunos precisavam se desincumbir das suas tarefas escolares. Hoje, há outras formas de aquisição de conhecimentos, dentre as quais o celular com acesso fácil à Internet como é o exemplo do Google, uma ferramenta poderosa que elucida qualquer dúvida em poucos minutos, sem falar da AI, (Artificial Inteligence), em voga.

Por uma simples conveniência e por dispor de alguns minutos até que a primeira aula de Yoga no SESC começasse, decidi ir até a biblioteca, local onde graciosamente a Instituição oferece uma tarde por mês o espaço para a realização do Café Com Leitura – uma iniciativa da Academia Erechinense de Letras. A sala estava às moscas. Ninguém, tampouco a atendente, naquele momento. O silêncio reinaria absoluto não fosse à agitação dos alunos que brincavam no Salão de Esporte.         A propósito as aulas de Yoga, sob a responsabilidade da competente e dinâmica professora Bruna Dariva, mudaram de horário para não coincidirem com as atividades concomitantes, na sala ao lado, reunindo as crianças buliçosas do contra turno escolar.         

Foi-se o tempo quando a biblioteca era um dos endereços a ser visitado com mais frequência. Conviver com a dinâmica escolar, com os ruídos e agitação, faziam parte da rotina diária. Hoje meus ouvidos, já carentes da acuidade auditiva de outrora, já não toleram mais sequer as músicas e os cantos estridentes, tampouco o barulho reinante nas ruas e em toda parte. Vale sempre lembrar que “O Bem não faz barulho e o Barulho não faz bem”, para ninguém.

Ainda na biblioteca sempre atento ao relógio para não atrasar, passo os olhos rapidamente pelos livros em destaque, (lançamentos), que estão dispostos na estante. “In a glimse” (num vislumbre) leio algumas folhas de rosto de certos exemplares. Quanta informação, quanta disseminação de conhecimento os livros trazem e, no caso das bibliotecas, tudo de forma graciosa. E dói saber que há tanta carência de leitores.

Nesse sentido, compete à Escola fomentar o hábito da leitura que deveria começar nas famílias - as primeiras educadoras que também precisam ensinar os princípios, as boas maneiras e as virtudes dos filhos. Já, a escola - a família maior é o local onde os professores e alunos continuam a longa jornada durante os anos de ensino-aprendizagem.

Hoje, após mais de quatro décadas de atuação em escolas públicas e particulares guardo na memória os bons tempos convividos em sala de aula e todo o envolvimento nesse contexto. Ainda no auge dos 65 anos, para citar apenas um exemplo, lembro-me das saudosas turmas da Agronomia da URI; das aulas de Português e, fora delas; dos embates nas quadras de futsal da AABB mostrando que tínhamos habilidades, tanto dentro da sala quanto no esporte, ou seja: entendíamos dos dois riscados.

E dentre as rememorações dos tempos escolares causa-me pesar e tristeza saber que de quando em quando sou surpreendido pela passagem de ex-alunos e ex-colegas. Nessa segunda-feira deixou-nos o professor e músico da Banda Os Cometas, os Cinquentões o Edécio Klein. Uma criatura plural, uma pessoa maravilhosa, equilibrada, moderada que ainda nos seus parcimoniosos 64 anos nos deixou. A escola Nossa Senhora de Lourdes, onde eu estudei desde cedo e comecei a lecionar e, na qual ele trabalhou por décadas, perdeu o seu diretor, o seu vice, o seu professor. Os recintos da Câmara de Vereadores e da Igreja Matriz ficaram pequenos para acolher tantas pessoas amigas, conhecidos, colegas músicos, alunos e colegas do magistério, para prestar-lhe as suas últimas despedidas. Como bem lembrou o Pe. Milton: Edécio foi um semeador e por onde passou lançou a boa semente. E que “a vida de uma pessoa vale pelo que ela produziu de bom e de bem durante os anos de existência”. Para a esposa Zenir, os filhos e familiares, parentes, colegas e amigos o que importa é o belo e frutífero legado do Edécio, um exemplo a ser seguido.