Urticária Crônica Espontânea: Doença que impacta mais de 1,4 milhão de brasileiros
Desconhecimento da população dificulta o diagnóstico e o tratamento
A Urticária Crônica Espontânea (UCE) não é contagiosa, mas provoca intenso desconforto para quem convive – em geral, durante anos – com essa doença. Uma pesquisa inédita realizada pel instituto Ipsos no Brasil a pedido da Novartis, apontou que 91% da população desconhece totalmente a doença.
A UCE tem um impacto extremamente negativo na qualidade de vida do paciente, sendo mais impactante que doenças como a hanseníase (lepra) e a psoríase. Os principais sintomas são coceira intensa, lesões na pele e inchaços repentinos, e as principais consequências da UCE são: interferência no trabalho e nos estudos, privação de sono, isolamento social e prejuízo das relações conjugais e familiares. A privação de sono, associada à imprevisibilidade das crises leva a um estado mental sobrecarregado, de modo que o paciente com UCE tenha risco aumentado para transtornos de ansiedade e depressão.
A urticária crônica afeta até 1% da população mundial, sendo a maior parte dos casos (aproximadamente 66,6%) do tipo espontânea (não causada por agentes desencadeantes como alimentos, perfumes, produtos de limpeza, cosméticos ou medicamentos)1.
Ao se verem com os sintomas da doença, sem saber do que se trata, as pessoas passam anos buscando sua causa e levam até cinco anos para chegarem a um diagnóstico correto, em razão disso, 67% dos pacientes desistiram de procurar um médico.
Principais sintomas da UCE
Quando a urticária dura mais de seis semanas, é classificada como urticária crônica. Se, mesmo após uma completa investigação clínica, não houver um agente externo causador das lesões – o que ocorre em 2/3 dos casos de urticária crônica – ela é chamada de espontânea (antigamente conhecida como urticária idiopática).
As características das UCE são lesões avermelhadas na pele que coçam intensamente e mudam de lugar (urticas), associadas ou não a inchaço de partes do corpo (angioedema), por pelo menos seis semanas, e não causadas por fatores externos desencadeantes como alimentos, perfumes, produtos de limpeza, cosméticos ou medicamentos.
Ela acontece com a mesma frequência em pessoas do mundo todo, independentemente de cor da pele, etnia ou classe social. Ela pode também ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre 20 e 40 anos e, em cada três pacientes com UCE, dois são mulheres.
A UCE não é contagiosa e as causas conhecidas estão associadas à autoimunidade, situação em que o sistema imunológico do paciente ataca sua própria pele e não é causada por estresse ou sobrecarga emocional, embora estes fatores possam exacerbar os sintomas.
Mulheres são as mais atingidas pela UCE
As mulheres são duas vezes mais propensas que os homens a manifestarem a UCE.18
Entre as pessoas entrevistadas na pesquisa da Ipsos que disseram já terem ouvido falar em UCE, as mulheres estão em maior número. Na comparação com os homens, há o dobro de mulheres que conhecem a doença.
As mulheres também são maioria na hora de relacionar erroneamente a causa da UCE a stress/emocional.
UCE x alergia
Muitas vezes a UCE é confundida com uma alergia. Mas, apesar das semelhanças, tratam-se de duas coisas diferentes.
Algumas vezes, substâncias inofensivas, como pólen ou a poeira, entram em contato com o nosso corpo e o sistema imunológico reage exageradamente. Isso é chamado de uma reação alérgica ou alergia. Essa reação acontece porque o sistema imunológico confunde a substância, como o pólen, com uma ameaça real e inicia uma resposta. Assim, ativa os mastócitos, um tipo de célula que vive na pele e em outros lugares do corpo.
Quando os mastócitos liberam suas substâncias químicas, isso pode resultar na formação de urticas pruriginosas – assim como as que ocorrem com a UCE. Mas, embora o processo possa ser bastante semelhante, com os mastócitos liberando histamina tanto na UCE quanto nas alergias, a UCE não é causada um agente externo desencadeador das lesões.
UCE x dermatite atópica
A UCE não deve ser confundida com a dermatite atópica. Embora ambas se manifestem na pele, a dermatite atópica é uma doença de características distintas. Enquanto a UCE é caracterizada por coceira intensa na pele (lesões avermelhadas que não deixam marcas) e inchaços (angioedemas), que duram mais de seis semanas sem que haja qualquer fator externo desencadeante, a dermatite atópica é caracterizada por rachaduras e descamação da pele.
Diagnóstico e tratamento
A urticária crônica espontânea precisa ser controlada, mesmo que não apresente risco para a vida, pois ela interfere, de forma significativa, na qualidade de vida e rotina dos pacientes e pode durar muitos anos.
A UCE tem tratamento. O objetivo é o controle completo dos sintomas. Com o procedimento correto, 92% dos pacientes podem obter o controle completo dos sintomas da UCE, vivendo com uma qualidade de vida equivalente à de uma pessoa sem a doença.
Para quem tem sintomas recorrentes parecidos com uma alergia e não consegue descobrir a causa, quem tem os sintomas da UCE ou quem foi diagnosticado recentemente com UCE, precisa antes de tudo buscar um médico especialista (alergista ou dermatologista). Há também centros de excelência de UCE no mundo todo, inclusive no Brasil – Faculdade de Medicina do ABC, Hospital das Clínicas, Hospital São Paulo e entre outros grandes centros hospitalares.