O glaucoma é uma doença ocular crônica e a principal causa de cegueira irreversível no mundo. A doença se caracteriza pelo aumento da pressão intraocular (PIO), resultando em danos ao nervo óptico e perda progressiva da visão. A busca por tratamentos eficazes e menos invasivos tem levado à discussão sobre o uso da cannabis no controle do glaucoma.
A cannabis, especialmente a planta Cannabis sativa, contém substâncias químicas chamadas canabinoides, como o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), que têm demonstrado efeitos benéficos no tratamento de diversas condições médicas. No caso do glaucoma, pesquisas indicam que o THC pode reduzir temporariamente a PIO, proporcionando alívio aos pacientes.
Entretanto, o uso da cannabis como tratamento para o glaucoma é desaconselhado na comunidade médica. Embora alguns estudos sugiram benefícios, a duração do efeito redutor da PIO é breve, exigindo múltiplas doses diárias, o que pode aumentar o risco de efeitos colaterais e impactos na qualidade de vida do paciente.
Além disso, a legislação e a regulamentação da cannabis variam de acordo com o país, dificultando a pesquisa e a implementação desse tratamento. No Brasil, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autoriza o uso de medicamentos à base de canabidiol, mas a liberação de produtos com THC ainda enfrenta restrições.
Diante disso, a comunidade científica deve continuar investigando a eficácia e a segurança da cannabis no tratamento do glaucoma, a fim de fornecer informações mais claras e orientações para os profissionais de saúde e pacientes.
Provavelmente a terapia tópica com colírios à base de THC seriam uma alternativa mais aceitável para a utilização da substância ativa de forma mais segura (sem efeitos sistêmicos).