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Opinião

Memórias de viagem: Itália -Terra de Origens (Parte VII)

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Marlei Klein
Por Marlei Carmen Reginatto Klein
Foto Divulgação

As Montanhas Dolomitas – Bolzano

Imponentes, mas frágeis, os maciços montanhosos dos alpes são objeto de cuidadosa proteção. Parques e reservas naturais proíbem toda intervenção intempestiva do homem. Hoje, muitas espécies vegetais e animais devem sua sobrevivência a uma regulamentação nascida no início do Século XX.

Reminiscências

As DOLOMITAS são uma cadeia de montanhas dos Alpes Italianos. Encontram-se no nordeste da Itália. Compreendem numerosas zonas protegidas. Paredões vertiginosos, inclinados e aprumados. As montanhas brancas dos Dolomitas encantam pelas flores, que não crescem em nenhum outro lugar. Um exemplo é a “edelweis” uma pequena margarida com pétalas brancas e aveludadas. Raríssimas aves de rapina reinam sobre as florestas, lagos e neves eternas. O norte da Região do Vêneto, quase na Áustria, faz parte desse mundo preservado.

Natureza Protegida

Muitas leis e regulamentos internacionais, europeus e nacionais permitem limitar a invasão dos espaços naturais pela civilização moderna. As espécies ameaçadas- ursos, lontras, aves de rapina- são controladas e reintroduzidas nas regiões de onde desapareceram. Recentemente, os naturalistas italianos recolocaram o falcão-peregrino desaparecido há muito tempo. Mas, o urso e o lobo dos Alpes desconfiam dos homens, pois são considerados predadores de rebanhos. Ainda que o governo crie sistemas de compensação para reembolsar os camponeses quando uma de suas ovelhas é morta, os fuzis continuam engatilhados.

Picos Trigêmeos

São três montanhas que parecem uma só. Ao longo do passeio trilhas de pedra, relativamente fáceis, levam ao alto. São opções muito populares. Começam no Refúgio Auronzo e vão passando por campos de flores silvestres, pequenos lagos e cabaninhas para refúgio.

Monte Kronplatz

Fica a 2,9 mil metros. Um bondinho sobe ao cume. A vista é magnífica. Na hora do almoço, o Pur Südtirol é a pedida: um mercadinho-café. Serve desde o iogurte purinho das montanhas até o queijo. Pêssegos madurinhos, produzidos no território ao entorno. Também vale experimentar um pouco de “speck”- presunto defumado, “graukäse- queijo tirolês de cheiro forte que ganhou o nome da casca acinzentada- sidra de maçã e um filão de pão cascudo. Dá para degustar também saladas frescas e pratos especiais como o “knodel” de queijo sobre repolho picado. Um verdadeiro banquete nas montanhas.

Bressanone

É um pequeno lugarejo entre montanhas. Importante centro cultural e religioso da região. Sua linda catedral foi erguida no ano 980. Linhas barrocas, belíssimos afrescos e um altar revestido de mármore. A clausura, ao lado, é com afrescos góticos pintados nos séculos XIV e XV. Tudo em meio a um jardim que convida à contemplação.

Planaltos e Pináculos

Um bondinho vermelho, que sai de Ortisei, ruma ao topo do Monte Sëuc. Quase 2 mil metros de altura, o pico oferece uma vista panorâmica dos Alpes do Sul. Maior planalto alpino da Europa. Para além, pradarias, campos verdes e montanhas. O Ristorante Mont Sëuc dispõe de mesas externas que oferecem uma das vistas mais bonitas das Dolomitas. Diferentes sorvetes são servidos.

Bolzano- A Cidade de Duas Culturas      

É uma cidade encravada nos Alpes, quase na Áustria, e na qual metade da população é de origem italiana e a outra, alemã. Em um bar, café ou restaurante, em uma mesa mãe e filha falando em italiano. Na outra, um casal de namorados se beija em um impenetrável alemão. Na terceira, um grupo em happy hour faz pergunta em alemão e recebe a resposta em italiano. A CONVERSA CONTINUA, CADA UM EM SEU IDIOMA PREFERIDO.

A cidade vive as duas línguas e as duas culturas sem preconceitos. As autoridades decretaram, décadas atrás, que a escola deveria regular essa colonização diferenciada. Desde então, os alunos estudam as duas línguas, falam e vivem os dois idiomas. Há pessoas mais antigas que falam um só.

Bolzano era de uma região que pertencia à Áustria, mas na Segunda Guerra esse território foi conquistado pela Itália. O governo italiano, na época, proibiu o uso da língua alemã, mas as origens não foram esquecidas. Nas ruas, a arquitetura varia do alemão ao italiano, às vezes mistura os dois. A igreja gótica alemã é o cartão de visitas da cidade. As bicicletas disputam espaço. Praças e jardins muito coloridos e cuidados.

Nos Alpes Italianos, em 1991, alpinistas encontraram uma múmia masculina com cerca de 5,3mil anos. Estava em uma geleira perto do Monte Similaun, na fronteira da Áustria com a Itália. O seu nome é Ötzi e Bolzano é a sua terra.

Conclusão

Os parques das montanhas e as trilhas íngremes das Dolomitas são um mundo preservado. Perfume de flores silvestres, rumor de cascatas e a visão de um cabrito-montês fazem valer o prazer de conhecer e respeitar essa natureza. Pousadas em estilo chalé são lugares tranquilos e simples, perfeitos para o descanso. A época para essas incursões seriam a primavera, o verão ou o início do outono europeu. Dolomitas recebem o nome da rocha carbonatada, responsável pela cor clara destas montanhas.

A criação do turismo de massa, no Século XX, leva milhares de pessoas aos maciços. Diante da beleza das paisagens não se deve esquecer das dificuldades encontradas, por muito tempo, para explorá-las. O turismo representa, para muitas regiões, uma fonte de riqueza que um modo de vida tradicional não bastaria para garantir.

 

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