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Região

Infraestrutura:Parceria entre universidade e prefeitura gera resultados surpreendentes

Mesmo com muita chuva e grande fluxo de veículos pesados transitando no trecho, estrada ainda está em ótimas condições. “Os resultados foram muito positivos. Surpreendente”, diz prefeito Leandro Márcio Puton. A foto retrata a estrada logo após a execução da obra, no mês de abril

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Foto tirada no dia em que foi terminada a estrada
Por Ígor Dalla Rosa Müller
Foto Divulgação

Uma parceria entre universidade e prefeitura contribuiu para se gerar conhecimento, economia de recursos públicos e ainda, tecnologia para fazer manutenção das estradas rurais, que são em grande quantidade nos municípios do Alto Uruguai. A proposta reutilizou resíduos de construção e demolição (RCD) no leito da estrada, melhorando a sua qualidade e sua durabilidade, já que demandam muita manutenção periodicamente. Os resultados do projeto foram positivos e satisfatórios e devem ser aplicados em mais estradas.

Essa tecnologia foi desenvolvida pela acadêmica do curso de Engenharia Civil da URI – Erechim, Raissa Voievoda, como parte do Projeto Final de Curso 2 (PFC 2), o trabalho intitulado “Análise da viabilidade do uso de resíduos de construção e demolição (RCD) como revestimento primário em estradas rurais no município de Gaurama-RS”, teve a orientação do engenheiro civil e professor da URI – Erechim, Fabiano da Silva Jorge, e posto em prática no município de Gaurama, cidade natal da engenheira civil.

Projeto

Conforme Fabiano, a acadêmica o procurou para fazer um trabalho voltado para manutenção das estradas rurais, para melhorar o revestimento primário, visando a aplicação de algum material que desse uma melhor condição para a estrada e durabilidade.

O engenheiro explica que, normalmente, nas estradas rurais que são de terra e pedra o município tem que fazer seis, sete manutenções ao longo do ano para dar condições de trafegabilidade. Então, a proposta foi aplicar um revestimento que desse maior durabilidade e menos manutenção, diminuindo os problemas, proporcionado um maior conforto aos usuários e, também, economia de recursos públicos. Para isso, a ideia da acadêmica foi usar resíduos de construção e demolição (RCD) da construção civil.

Parceria com o poder público

“A prefeitura de Gaurama abriu espaço para fazer uma pista experimental, e esse foi o diferencial do trabalho dela, porque normalmente se faz o trabalho no laboratório ou somente na pesquisa literária, não se consegue fazer a prática. Fomos agraciados com a abertura da prefeitura”, afirma. Desta forma, comenta o professor, se conseguiu fazer uma pista experimental de 60 metros por cinco de largura, num trecho crítico do município.

Primeira etapa

Na primeira etapa foi readequada a plataforma da estrada rural, feito patrolamento, conformação do leito da estrada e caimento. “Como tem que ser”, diz. Após a regularização da plataforma do leito, “partimos para a drenagem, limpeza das sarjetas, fizemos saídas d´água para não ficar empoçada nos cantos das pistas, retirando a água de cima da pista, que era um problema naquele trecho”, diz.

O engenheiro observa que em todas as etapas se seguiu à risca as técnicas adequadas para realizar o projeto, e isso é muito importante para alcançar os resultados esperados. “Os profissionais seguiram nossas instruções, colaboraram com a realização do projeto, nós entramos com a parte técnica, o conhecimento, e a prefeitura com espaço, maquinário, pessoal para executar as obras, foram muito parceiros nessa ideia”, ressalta.

Segunda etapa

Conforme Fabiano, num segundo momento a pista foi escarificada, ou seja, aberta com as unhas da motoniveladora e aplicado o RCD. “Espalhamos e compactamos com o rolo”, diz. Os materiais inadequados foram retirados como madeira, plástico, o que não tinha aplicação para esse fim. “Porque o resíduo de construção não é separado, tem concreto, madeira, tijolo, plástico, tem de tudo, o ideal que fosse selecionado para ter a utilização melhor”, observa.

Resultado

Segundo Raissa, o projeto foi ótimo e já passou por bons testes enfrentando um período chuvoso com uma precipitação de quase 400 milímetros. “Nas condições mais desfavoráveis, a estrada se mostrou eficiente”, diz.

A engenheira comenta que os moradores da comunidade gostaram do resultado e até pediram para que a gente fizesse mais. A prefeitura também aprovou e pretende utilizar essa tecnologia em outros pontos do município.

Material

O projeto foi executado numa pista de 60 metros de comprimento por cinco metros de largura, sendo aplicado 10 centímetros de resíduos. Fabiano observa que a pista está pronta desde abril desse ano e ainda não recebeu manutenção. Além do resultado em si, o professor salienta que o conhecimento utilizado no projeto, as técnicas preventivas para preparar a estrada, ficam como um ensinamento aos profissionais para serem aplicadas na manutenção de outras rodovias do município.

Ele acrescenta que essa tecnologia tem uma manutenção de baixo custo com reaproveitamento de material, resíduos que seriam inutilizados, descartados, trazendo benefícios para toda comunidade, gerando economia para o município e segurança aos motoristas.

Poder público

Fabiano destaca que a participação da prefeitura foi fundamental na realização do projeto e que há tantos outros projetos que poderiam ser utilizados pelas prefeituras para melhorar e contribuir com o desenvolvimento dos municípios da região. “A iniciativa da prefeitura de Gaurama, ter dado esse espaço, foi um ‘golaço’, e para poder mostrar que é possível ter ações eficientes, mais adequadas, com o conhecimento que a universidade proporciona aos alunos”, afirma.

Prefeito – “Surpreendente”

O prefeito de Gaurama, Leandro Márcio Puton, afirma que no trecho que foi implementado a tecnologia os resultados são surpreendentes. “Fizeram num local em que formava um tipo de bacia na estrada, surpreendentemente, depois de toda aquela chuva do mês de maio a estrada está lá perfeita”, comenta.

O prefeito comenta que a prefeitura ainda não mexeu na estrada depois que foi refeita. “Os resultados foram muito positivos. Passou todo o mês de chuva com grande fluxo de veículos pesados e a estrada está ali igual. Surpreendente”, observa.

A questão da matéria-prima é um pouco delicada, em função disso, o prefeito visualiza que a técnica será bem utilizada como solução para pontos críticos. “Se eu tivesse material faria a estrada de Gaurama a Áurea, cerca de 18 quilômetros”, afirma.

Para o gestor público, o método está aprovado e se torna barato porque reutiliza entulhos. Ele, ainda, que outros acadêmicos podem seguir nessa linha e aperfeiçoar a técnica. “Todo mundo ganha com isso e a universidade está fazendo ciência”, diz. O prefeito destaca que a prefeitura está de portas abertas para implementar esse tipo de iniciativa “porque a criatividade não pode ser brecada”.

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