O Jornal Bom Dia, nos últimos dias, foi às ruas ouvir a população sobre a situação do patrimônio arquitetônico e, também, as edificações abandonadas ou desativadas em Erechim (RS). Entrevistar as pessoas na rua não é tarefa fácil. Primeiro, porque elas são abordadas de surpresa, não esperam a pergunta, e ainda têm que dar uma opinião. Contudo, na quase totalidade das entrevistas elas respondem com muita educação. O que mais chama atenção nas respostas dos entrevistados é a consciência em relação ao assunto. O erechinense quer preservar a história do município, o patrimônio cultural e, principalmente, que os prédios que um dia já foram sede dos alicerces da sociedade, gerando trabalho, renda, cultura, tenham alguma utilidade pública, não fiquem em desuso.
Nessa matéria, que encerra essa série de reportagens, abordamos outro símbolo vivo da história de Erechim, o prédio desativado da antiga fábrica de cerveja e refrigerante Balvedi. Apesar do assunto não se esgotar e ter ainda muitos outros desdobramentos, daremos uma pausa. Falaremos, também, sobre a situação do posto de combustível desativado no bairro Três Vendas, que ainda não foi reaberto porque aguarda uma licença ambiental, segundo o proprietário.
Antiga sede da fábrica de bebidas Balvedi
A aposentada Maria Deminski fica sentida ao ver a antiga fábrica de refrigerante e cerveja abandonada. Ela mora ali perto e passa todo dia em frente ao local. “Eu vi funcionar a fábrica, eles produziam laranjinha, que os meus netos adoravam”, lembra. Para Maria, a antiga fábrica de bebidas deve ser preservada e ter alguma utilidade. “Não pode desmanchar porque é patrimônio público. Eles tiraram o coberto por causa do vandalismo. Tem que restaurar, alugar, dar alguma utilidade, mas não pode ficar fechado, isso faz parte da história do município”, observa.
Para o comerciante Darlan Daniel, é uma pena a sede da antiga fábrica do Balvedi estar nessa situação. “Acho que deveria ser feito alguma coisa, teria que ser revitalizado”, ressalta. Darlan tem a sua agropecuária a poucos metros do prédio e viveu grande parte da sua vida próximo ao Balvedi. “Morei muito tempo aqui no bairro. Conheci a indústria quando ainda funcionava”, explica.
Segundo Darlan, de alguma maneira a sede do Balvedi deveria ser utilizada para fins comerciais ou outra finalidade. “Mas não dá para deixar do jeito que está. Tem que preservar essa fachada, porque está depreciando e daqui um pouco periga até cair”, destaca.
Posto de combustível do bairro Três Vendas
O posto de combustível desativado no bairro Três Vendas é outro exemplo de construção abandonada. O leitor pode perguntar o que o posto tem em comum com o prédio do Balvedi? Além do fato de estar se deteriorando, em ambos os casos, as edificações ficam em avenidas e ruas de acesso à entrada da cidade de Erechim.
Para o empresário Adelir Roman que tem uma empresa de esquadrias no bairro Três Vendas, em frente ao posto desativado, na área deveria ser retirada a sujeira. “Se não der para construir alguma obra, o ideal seria remover esse resto de obra e deixar a área limpa. Isso dá um aspecto melhor para a entrada da cidade”, comenta.
Segundo o comerciante de armas e munições Vonei Kuskoski, a situação do posto abandonado é uma vergonha para o município, já que está na entrada da cidade, é o cartão postal. Localizado num dos bairros mais antigos de Erechim, observa Vonei, o posto poderia virar uma praça ou um estacionamento pago, que já mudaria a imagem ruim do local. “Ou o proprietário que tome uma providência, venda ou alugue o terreno. Assim, fica ruim para o município”, enfatiza.
Segundo o proprietário Luis Lando, o objetivo é reativar o posto de combustível, o projeto de reestruturação já está pronto e aguarda a liberação de licença ambiental da Fepam para iniciar as obras. Luis ressalta que não depende dele, mas do órgão público liberar o processo para que inicie as obras de melhorias no local.