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Blog do Coluna do Leitor

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Em tempos de grandes opiniões

Por Coluna do Leitor

- Juliana Viero - advogada, empresária e diretora da Construtora Viero S/A

juliana@viero.com.br

Em tempos em que as redes sociais estão lotadas de opiniões, em que as pessoas têm, de pronto, um julgamento a fazer sobre tudo e sobre qualquer assunto, eu vou na contramão. Eu questiono mais do que julgo e opino com cautela.

Isso, porque, penso que não podemos nos despir daquilo que somos, mas temos o dever de exercer a empatia. Tarefa das mais difíceis e daquela que eu mais exercito no meu dia a dia. Juro que tento. 

Como advogada e empresária, conheço a lei trabalhista, tento me informar sobre as orientações dos tribunais e conheço a rotina do empreendedor. Já fui colaboradora. Hoje, sou os dois. Sim, meu dia começa cedo, trabalho arduamente, e ainda tenho a difícil tarefa de manter uma empresa. 

Antes de opinarmos com a faca em uma mão e a espada na outra, nos coloquemos no lugar do outro.  Hoje, para o empresário a insegurança jurídica é imensa. Esse fato se deve, essencialmente, por termos uma lei tão antiga que permite que diversos estudiosos, magistrados e demais operadores do direito interpretem de diversas formas um mesmo assunto. A rotina que acompanha o empresário é a de ser demandado e, em grande parte das vezes, iniciar como culpado e com a tarefa de fazer “um acordo para não se incomodar ainda mais”. 

Certa vez, a Viero foi demandada em uma ação no Mato Grosso do Sul, por um ex funcionário que alegava ter se acidentado. Como atuei como advogada trabalhista e conheço um pouco, me envolvo pessoalmente em todas as demandas da empresa. Lembro como se fosse hoje. Li a inicial e logo me chamou a atenção, pois era um caso que não tínhamos registro de acidente. Fomos analisar todos os documentos do dito cujo. Pasmem-se: o dia do acidente era Domingo - não havia registro no cartão ponto de trabalho, porque não havia tido labor. Liguei para o engenheiro responsável da obra, conversei com outros colaboradores que haviam trabalhado na mesma obra e a conclusão foi que não havia ocorrido. Em resumo: eu mesma me desloquei, na companhia de um preposto, para Campo Grande. 

Sim, fomos de Erechim para Campo Grande.

Chegamos na audiência. Depois do "Bom Dia inicial", escuto da Magistrada: "Tem acordo?" Eu prontamente respondi que não e expliquei os motivos. A juíza parou, leu a inicial, analisou os documentos, olhou para o colega que acompanhava o ex funcionário e disse: “Dr. quem sabe ajustamos um valor simbólico para encerrar, afinal será difícil reverter a tese da reclamada”. Ato contínuo, olhou para mim e disse: “Dra. quem sabe uns R$ 150,00 para não ter que voltar aqui. Só a passagem da Dra é muito mais cara que isso”. 

Parei. Sem precisar pensar, respondi: "Dra, se cada um que faltar com a verdade, ajuizar uma ação e a nossa empresa pagar “uns R$ 150,00” onde vamos parar? E mais: a Senhora acha adequado que a Viero pague R$ 150,00 neste caso? Pois eu não aceito pagar R$ 150,00 e gasto mais R$ 2.000,00 de passagem para retornar se for preciso”.

Uso esse exemplo para chegar ao ponto que: reformar a CLT é sim necessária. Não vou adentrar em cada ponto do texto - até porque discordo de alguns. No entanto, precisamos parar de pensar que temos rivais, que cada um está de um lado. Devemos lutar em conjunto, por um sistema melhor, que funcione de maneira mais eficiente. Entender que os direitos do trabalhadores são importantes e necessários, mas também aceitar e entender que quem empreende também acorda cedo, também faz horas extras, também sofre pressão (inevitável, para quem trabalha na iniciativa privada), também tem obrigações, compromissos e tarefas. E, além disso tudo, os empresários são responsáveis por diversas pessoas, precisam manter todas motivadas e felizes, precisam se preocupar com o ambiente de trabalho como um todo, com alimentação, com impostos e em fazer a empresa ter trabalho - caso contrário, todos ficam sem a alimentação, o salário, a felicidade, o ambiente e todo o resto. Acabar com os empresários e destruir as empresas estão longe de ser solução. 

Hoje, não temos igualdade. Hoje, a balança pesa infinitamente mais para um lado só. Retomo o que disse no início: pratico o exercício da empatia. Porém, precisamos ser realistas. Temos o dever de lutar por direitos, brigar por obrigações e se colocar no lugar do outro. Tenho a impressão que, as vezes, só tem luta. Não temos nem brigas nem praticamos a empatia. 

No ramo da construção civil, especificamente, em algumas profissões, a rotatividade é alta, pela própria natureza da atividade. Nós tentamos com que isso diminua diariamente. Sabemos da importância de termos pessoas caminhando conosco por longo período. Como temos. Temos de 44 anos, de 27, de 20 e por aí vai. 

É para nós também que a Justiça deve atuar. Não devemos nos basear, tão somente, por aqueles que praticam irregularidades deliberadamente. Devemos pensar sim, naqueles que acertam na maioria das vezes. Isso nos falta. Eu sinto falta.

Sinto muito por todos que tenham opiniões tão enfáticas, tão duras, tão extremistas sobre a reforma da CLT. Sinto que não possamos fazer, nem reconhecer uma pequena mudança. Porque como diz um grande amigo: “o ótimo inviabiliza o bom”. É neste cenário que estamos. “Lutando” pelo ótimo e ficando sem nem o “bom”. Ou, ao menos, ficando sem “um pouco mais de igualdade”. Sinto por quem diz: “nada no novo texto presta, assim como quem diz que tudo presta”. 

Sinto muito pelo dia 28.04.2017. A baderna, a destruição de patrimônio público, atos de violência não são manifestações legítimas. Eu fui impedida de chegar em um compromisso profissional. Não temos esse direito. São atos que merecem e devem ser punidos.  Por fim, lamento o momento que nossa sociedade vive. Enxergar e defender só aquilo que nos beneficia não nos faz melhores. Pelo contrário.

Empatia. Peço por mais empatia.

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