Modus operandi
Gaby Garbin Mársico
Professora aposentada
(¹) O título Modus Operandi é uma expressão em latim que quer dizer a maneira de agir, de trabalhar.
(²) Erexim, erexinenses grafado com "x" em atenção à lei federal.
Alguns fatos e acontecimentos relacionados ao nosso Município centenário, me foram relatados por pessoas que conviveram com os envolvidos na época desses fatos.
Nossa vida tem se alternado com épocas boas e más; as boas é onde e quando se produz ações dignas, proveitosas e é na ocasião em que um tal de Lúcifer tira férias. Lúcifer, lembram, é aquele anjo que desobedecendo as regras da república celestial foi expulso com um bom pontapé, vindo parar para nossa infelicidade, aqui na Terra onde se aclimatou perfeitamente, infernizando nossas vidas. Mas, quando este ser invisível retorna das férias vem ávido por trabalhar, atrapalhando as ações dos nossos homens públicos.
Um dos fatos que aconteceu durante as férias gozosas do capeta se deu quando o prefeito da época, o professor Aristides Agostinho Zambonatto, num gesto de grande inteligência voltada para a cultura local, negociou a compra do prédio do antigo Banco Nacional do Comércio que havia sido extinto (onde funcionou até pouco tempo o Banco HSBC) para instalar definitivamente a Biblioteca Pública Municipal, que então ocupava as dependências como inquilina. Fechado o negócio, a prefeitura teria dado um sinal como primeiro pagamento. Que ideia inteligente, que visão de futuro cultural para nossa pequena cidade de então. Junto poderia funcionar o Arquivo Histórico e quem sabe o museu, tudo isso num prédio imponente e bonito no centro da cidade, de fácil acesso, de largas e confortáveis dependências, ideal para a que se propunha.
Mas, eis que volta de suas férias o danado capeta e atrapalha o excelente negócio, pois o prefeito sucessor não achou um bom negócio e, provavelmente, assoprado pelo malandro marginal invisível, desfez o negócio.
O motivo declarado? Não tive conhecimento. (Ainda não!)
E lá se foi nosso sonho dourado e culto junto com as mudanças de casa, que até hoje a biblioteca faz de tempos em tempos, carregando seu acervo nas costas qual caracol de jardim, parando em lugares pequenos, acanhados, mas pagando "bons" aluguéis com nosso dinheiro, dinheiro do contribuinte.
Se tivesse se realizado a compra do prédio quanto o município teria economizado em aluguéis e incômodo? Aliás, sabemos que os governos são os gigolôs do povo, não produzem nada, apenas "vivem" dos nossos impostos e infelizmente e normalmente, mal usados.
Vamos adiante, com outro fato de tanta importância quanto que foi o caso do Museu. O mesmo prefeito citado acima, num gesto magnânimo, imagino, quis colaborar com a educação local emprestando ou doando o museu à antiga Fapes, hoje URI, que na época estava criando a Faculdade de História e para tanto necessitava de um museu, requisito conforme as regras do Ministério da Educação e Cultura (MEC). E lá se foi o museu municipal, "habitando" o quintal da nova faculdade, nos privando, nós erexinenses², de visitar e conhecer a história dos povos que formaram nosso Campo Pequeno.
Conheço pessoas que estão trazer ou formar outro museu, este sim do município e de uso para todos os erexinenses e não de entidades particulares escondidos e longe dos olhos.
Aos poucos vamos descobrindo as mazelas que enfeiam a vida do Município.
Nós, eleitores e contribuintes, precisamos deixar de lado nosso conforto e nossas queixas e cobrar os atos das pessoas que deveriam trabalhar com todo empenho na resolução da coisa pública.
Isto se chama democracia. E que Lúcifer fique definitivamente em férias, de preferência na Patagônia, terra gelada que pode ajudar a esfriar os seus ímpetos.
Gaby Garbin Mársico
Errata
No artigo Planeta Água. Planeta Azul, de 14 junho de 2018, onde se lê: "sete milhões de piscinas olímpicas", leia-se: "sete mil piscinas olímpicas